O chip da desgraça - crônica de Cidinha da Silva no jornal Rascunho
Marina entrou no carro rumo à plataforma de oceanografia para acompanhar o décimo segundo mês de gestação de Jujuba. Reta final para a chegada do bebezinho de quatro toneladas, no qual a equipe procuraria instalar um chip a fim de monitorá-lo, como faziam com a Mãe. A vida marinha andava tensa, já haviam encontrado cocaína, alumínio e outros metais de celulares na corrente sanguínea de tubarões. Todo cuidado era pouco com as baleias e seus filhotes. Numa piscadela entre o sol de verão no rosto e a música ouvida de olhos fechados, Marina teve a sensação de ter visto o motorista enxugando os olhos. Fechou novamente os seus e continuou curtindo o som. Quando o carro chegou ao destino, notou os olhos vermelhos do motorista. Problema todo mundo tinha e ele devia estar remoendo os seus. Ao passar o cartão funcional na entrada da plataforma, notou que a funcionária da recepção estava cabisbaixa, triste mesmo. Marina não tinha uma boa relação com aquela senhora, uma bolsonarista de primei