Benjamim, o filho da felicidade

(Por Heloisa Pires Lima) "Se, abristes este livro, e o estás lendo agora, saibas que, de repente, estás entrando em um outro tempo. Visitarás o século XIX, já no seu finalzinho. Depois, deves seguir pelo início do século XX. Seria extraordinário encontrar transeuntes com seus trajes de época, seus carros e prédios. Mas, tua entrada naquele mundo será mais fascinante ainda; ela se dará através dos circos daquele tempo. Assim, de repente. Heloisa Prieto percebeu que o instante de uma grande virada na vida, pode ser uma fonte caudalosa de boas histórias e criou esta coleção. Pois na virada daqueles séculos, havia uma que ela pediu para que eu recontasse. É a história de Benjamin, o maior palhaço negro do Brasil; alguns dizem, do mundo. Esta novela juvenil apresenta Benjamin de Oliveira( Pará de Minas,11de junho de 1870- Rio de Janeiro, 3 de maio de 1954), aclamado como o rei dos palhaços e o nome mais importante para a história do circo-teatro no Brasil. O ponto de virada foi ele deixar a fazenda onde vivia para fugir com o circo que passava pela cidade. Mas a forma como Benjamin construiu sua trajetória deixa algumas dicas valiosas sobre a arte de viver. Uma delas, as respostas rápidas frente às dificuldades. Mas também às oportunidades. Ágil, equilibrista, hábil no efeito, possuía todas as qualidades de um acrobata, antes mesmo de se tornar um. Talvez fosse acrobata porque já fosse perito na tomada de decisões precisas. Terás a chance de conhecer as múltiplas faces do gurí que sabia amansar cavalo chucro, vender doce, fugir com o circo, se tornar palhaço-cartaz, acrobata, palhaço de picadeiro, clown, ator, diretor de circo-teatro, escritor, empresário, ator negro dos primórdios do cinema brasileiro, gravar disco, inspirar uma Lei e, ainda, virar nome de ruas e praças. E como Benjamin não para de acrescentar uma ação inédita, a novidade apoteótica é o salto para dentro da literatura. Se conseguires estabelecer contato...pronto, terás uma bela história pra conhecer. Talvez, aches estranho um ou outro termo de época, um modo de pensar. Sem estranhamento, não se completa a experiência de decifrar um mundo pouco conhecido. Só assim, perceberás como Benjamin lidou com aquele tempo e como construiu sua própria e valiosa biografia. E quiçá, não voltarás inspirado? Quem sabe não perceberás um ou outro detalhe que sirva de pista para contares, de teu jeito, como era o século passado, seus circos e a história do valioso Benjamin? E assim, poderás trazer de volta aquele que sempre será reconhecido pelo significado de seu nome: o filho da felicidade". Editora FTD, 2007.

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