Sobre a morte de gays e estereótipos de algozes

A matéria de Wilian Magalhães, publicada no sítio www.acapa.com.br, trata do relatório anual do GGB - Grupo Gay da Bahia, sobre o número de mortes de homossexuais no Brasil. O texto é elucidativo e explicita mecanismos comuns de sub-notificação dos casos, levantados pela ONG nas fontes disponíveis, a saber: cliping de notícias que saem na imprensa escrita, na Internet e correspondências que chegam à instituição. Lê-se no conteúdo que: "como forma de minimizar essas estatísticas (a cada três dias morre um homossexual no Brasil por crime de homofobia), o GGB desenvolveu a cartilha 'Gay vivo não dorme com o inimigo', com dez dicas para não ser a próxima vítima da homofobia, como não aceitar bebidas de estranhos e escolher lugares como móteis e hóteis para programas." Até aí, vamos bem, não fosse a reveladora imagem utilizada para ilustrar a matéria, escolha provável de jornalista, fotógrafo ou editor, que julga um negrão sarado, armado e sensual (para quem tem fetiche por armas de fogo) o tipo ideal para representar o bandido, o bofe gostoso, perigoso e letal. Durma-se com um barulho desses.

Comentários

Anônimo disse…
Dói perceber claramente que a imagem do homem negro está associada à bandidagem, e que muitas vezes essa associação é feita por outros cidadãos também vítimas de preconceito. É preconceito versos preconceito, quando isso vai acabar?
Anônimo disse…
Pouquíssimas vezes vemos, em se tratar de violência, imagens que fazem alusão ao algoz e não à vítima. A associação da imagem do negro com bandidagem e com uma boa dose de sensualidade (como é o caso da reportagem) é também a morte desse, o negro. Fica a pergunta: que modos de vida estão sendo produzidos e mantidos com esse tipo de associação?
Wanderley

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