Agruras das mulheres expostas às comemorações do 08 de março

Por Cidinha da Silva



Tenho certa peninha dos homens que se esforçam para não serem machistas no dia 08 de março. Trabalho de dia único, inócuo e infantil.

Talvez eles nos cansassem menos se observassem e aprendessem calados, quietos. Se não nos fizessem ler e reler suas bobagens heteronormativas e veiculadoras do poder do macho, mal disfarçadas em mensagens de “inversão de papéis” e se dedicassem a processar pequenas mudanças no cotidiano. Diárias. Diuturnas.

Ainda mais triste do que o feminismo  celebrativo e de exceção dos caras é o quanto nos contentamos com migalhas. A tradição tupiniquim de embrulhar processos dolorosos em papel de presente e ainda arrematar com laçarotes faz com que achemos singela a postagem na rede social de um homem que, depois de trabalhar o dia inteiro fora de casa, prepara o almoço para a família em homenagem às mulheres que o cercam de cuidados todos os dias. Lástima! Show de carência feminina.

Descreio totalmente da humildade que faz alarde. Quem é humilde não faz selfmarketing. Assim é com os homens que, de fato, estão comprometidos em desconstruir os privilégios garantidos pela condição de machos.

Se quiserem realmente dar às mulheres um refresco do complexo de Peter Pan, trabalhem calados na transformação interna. Regozijem-se de suas pequeninas vitórias com os amigos ou mulheres próximas (pacientes, generosas e acolhedoras), mas poupem a geral de tanta pavonice.

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