Hoje, às 18:00, Um Exu em Nova York no Muquifu, Aglomerado Santa Lúcia

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LITERATURA

“Escrevo para me comunicar com o mundo, para transitar entre mundos”

A escritora mineira Cidinha da Silva lança nesta sexta-feira seu primeiro livro de contos “Um Exu em Nova York”, no Muquifu

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Cidinha da Silva
Cidinha da Silva apresenta narrativas calcadas no encontro e na valorização das alteridades
PUBLICADO EM 21/09/18 - 12h19
Na esteira do livro de crônicas “O Homem Azul do Deserto” (Editora Malê), a escritora mineira Cidinha da Silva lança nesta sexta-feira (21) “Um Exu em Nova York” (Pallas Editora), no Muquifu - Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos. Autora também de peças de teatro, desta vez ela faz sua estreia no universo dos contos, o qual, para ela, propicia uma “liberdade criativa absoluta”.
“As três peças de teatro que escrevi até o momento foram encomendadas para a cena, ou seja, havia um desejo instituinte de um determinado tipo de texto, ao qual eu precisava atender”, conta Cidinha, que reside em São Paulo. “Um Exu em Nova York” é o seu 13º trabalho e reúne 19 narrativas. Parte delas nutre-se de suas experiências em uma das maiores cidades dos Estados Unidos, a exemplo do conto “Farrina”, que tem como cenário o Museu do Brooklyn.
“Em 2018 estive em Nova York para acompanhar a leitura de uma peça de teatro de minha autoria numa programação do Segal Theater. Essa é uma das cidades que mais curto no mundo. Mas a criação da ambiência desse conto (“Farrina”), como de resto de toda a minha obra literária, é amálgama de muitos elementos. Não sou adepta da hiper-realidade no texto criativo, tampouco me interesso apenas por descrever minhas experiências. Meu texto literário é sempre resultante de múltiplas percepções, diálogos, cruzamentos, trânsitos”, pontua Cidinha.
Como chama atenção o título da obra, a partir da figura de Exu, as ficções aproximam os leitores do repertório das religiões de matriz africana. De acordo com a autora, esse conjunto de textos é o que mais aprofunda esse diálogo. “Isso está presente desde o meu primeiro livro, ‘Cada Tridente em Seu Lugar e Outras Crônicas’, de 2006. Penso que o campo semântico criado no ‘Exu’ propicia às leitoras e leitores o reconhecimento de sua ancestralidade africana em diferentes graus e convoca-os também a uma leitura crítica do acantonamento que o racismo religioso tem provocado às manifestações das culturas africanas em diáspora, incluindo as religiões”, reforça Cidinha.
Para ela, o orixá, reconhecido como um dos mais importantes do panteão iorubá, é o que mais conecta-se com a sua atividade de escritora. “Exu é o comunicador por excelência, portanto, o considero meu padrinho no ato de escrever, pois escrevo para me comunicar com o mundo, para transitar entre mundos, para revelar mundos e construir mundos novos. Essa atividade é essencialmente exúnica”, completa a autora.  
Além de abordar questões como a intolerância religiosa, Cidinha também introduz perspectivas sobre a violência, as masculinidades negras, o envelhecimento, a espiritualidade, além da diáspora africana em uma megalópole, como Nova York. Alternando-se entre diversos olhares, ela apresenta histórias, sobretudo, calcadas no encontro e na valorização das alteridades. “Posso dizer que a Outra que sou, o Outro que somos em sociedades hierarquicamente racializadas como a brasileira, me interessa muito e, de maneira consciente, procuro nos apresentar de maneira digna, seja em personagens que construo, seja no enredo e na linguagem”, conclui a escritora.
Agenda
O quê: Cidinha da Silva lança “Um Exu em Nova York” (Pallas Editora, 80 págs., R$ 28)
Quando: Nesta sexta (21), às 18h
Onde: Muquifu (Rua Santo Antônio do Monte, 708, Estrela) 
Quanto: Entrada gratuita


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