Profissão de fé!
Por Cidinha da Silva
Lá estava eu, assentada ao lado
de uma mesa com meus livros em exposição, curtindo a música e a dança que tinham
mais lugar naquele sarau literário do que a literatura, e a moça, como tantas
outras moças, passa seguidas vezes pela
mesa e não se detém nos livros.
Nessa altura, eu já havia feito a apresentação
brevíssima do meu trabalho, os organizadores
haviam apontado para mim, inúmeras vezes, mostrando onde estava a autora
com os livros, que o volume lançado naquela oportunidade custava 10 reais,
apenas 10 reais, etc, etc. A moça então parou ao lado da mesa de livros e com
os braços cruzados sobre o peito me disse:
_ Psiiiiuuuu, a Cidinha demora?
Eu, com meu riso de lado que os amigos dizem me caracterizar, respondi (acho
que eu esperava por aquilo):
_ Não, ela já chegou.
_ E cadê ela?
_ Sou eu mesma (sorri esperando o
próximo capítulo)!
_ Ah... ta! Desculpe, é que eu
nunca te vi. Não foi você também que escreveu os “ Dez contos?”
_ Não, não escrevi livro algum
com esse título. Escrevi esses que estão
sobre a mesa.
_ Tem certeza? Eu jurava que era
você!
_ Tenho certeza, sim!
Dirimida a dúvida, a moça foi embora, meio agradecida, meio constrangida. Uma pena! Tivesse comprado um exemplar do Margem e seriam três,
vendidos naquela noite.
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