Cidinha da Silva por Paulo Scott, no blogue da Companhia das Letras
"Conversando, tempos atrás, com jornalista estrangeiro sobre literatura brasileira e sendo questionado por esse jornalista sobre quais jovens autores brasileiros conseguem de fato apresentar um corte atualizado do comportamento brasileiro de maneira a dar pistas para uma eventual composição de perfil geral do brasileiro contemporâneo, me vieram à cabeça muitos nomes, mas em primeiro lugar veio o nome da escritora mineira Cidinha da Silva. Não pelo seu engajamento sociopolítico (o que fica evidente, por exemplo, no livro de ensaios acadêmicos Africanidade e relações raciais: insumos para políticas públicas na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil, coordenado por ela), não pela sua capacidade de levantar elementos históricos e reflexões críticas, inserindo-as com habilidade nas suas crônicas, nos seus estudos, mas pelo fato de, sendo escritora, ter escrito narrativas curtas, cheias de vivacidade que venho acompanhando há alguns anos e que sempre chamam muito a minha atenção, como o conto “Ônibus especial” — um conto que está no livro de bolso Oh, margem! Reinventa os rios, da coleção “Selo do povo”, idealizada pelo escritor Ferréz Escritor —, que demonstra bem o olhar e a dicção que são exclusivamente dela".
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