Canções de amor e dengo, trecho do prefácio, por Emerson Inácio



Canções de amor e dengo está chegando. Leia um trecho do prefácio escrito por Emerson Inácio, professor na USP na área de Estudos Comparados de Literaturas em Língua Portuguesa.
"Do mesmo jeito, ao trazer o miúdo da vida, a experiência da religiosidade, o corriqueiro do cotidiano, o futebol, a música que lhe entra pelos ouvidos para o poema, parece desejar Cidinha propor alguns deslocamentos: primeiro, na ideia corrente de sublime, tão apegada ainda às “grandes” apreensões do século XIX; numa outra pegada, ao propor uma lírica amorosa possível ainda - mesmo que vivamos tempos de afetos líquidos – o faz trazendo de volta suas musas, que, de fato, não é mais “aquela”, mas outra, afeita aos afetos femininos, às particularidades dos amores entre duas mulheres, “corpo vulcão” que mitiga dores e que sempre reclama pra si um poema. O terceiro passo: a leveza com que assinatura de uma poesia negra – de corpo e de mão – comparece nesse conjunto de poemas. Leve porque sem o excesso militante repetitivo que empobrece muitas vezes o poema, se torna ainda mais politicamente potente porque fruto de apuro, cuidado, de palavra acertada e escolhida".

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