O Mar de Manu, novo livro de Cidinha da Silva, publicado pela Autêntica (MG)

Quando pessoas impactadas pela realização de algo buscado há muito tempo exclamam “passou um filme aqui na cabeça”, como forma de rememorar todo o processo até chegar ao momento da comemoração, eu me pergunto como seria se fosse comigo. Quando observo meus momentos de coroamento das coisas, percebo que o tal filme não passa na minha cabeça como uma linha recuperadora do tempo. Quando o coração desacelera e só resta o riso contemplando a obra, o resultado, o que faço no silêncio da vitória, é buscar conscientemente os passos do processo. Trata-se mais da montagem de um quebra-cabeças que o processamento do vivido na forma de um filme. Talvez porque eu não tenha aprendido ainda a ser posto avançado na guerra, ainda sou uma operária visionária, uma trabalhadora que sonha. Ao receber a capa do Manu, esse segundo trabalho que tenho a alegria de contar com as ilustrações de Josias Marinho @josiasmarinhocportifolio, eu pensei primeiro no mano velho Edimilson de Almeida Pereira, na minha alegria quando encontrei livros dele numa feira de livros há uns 10 anos ou mais (Os reizinhos do Congo e Rua Luanda) publicados por uma editora que o colocaria no mundo, que o distribuiria bem, que o emplacaria em vendas institucionais, em políticas públicas de formação de acervo que o fariam chegar aos estudantes de escolas públicas. Um trabalho bonito, bem cuidado, como os livros do mano velho. Outras peças foram se encaixando, como minha conversa com Flávia Lago, ao final de um evento literário, quando ela, pacientemente aguardou por sua vez na fila de autógrafos. Não pensem que era uma fila enorme, mas ela poderia ter usado a carteirinha de chefe em uma das maiores editoras de livros para crianças do Brasil e não o fez. Eu não a conhecia, mas como sou rápida no gatilho, mencionei um livro querido, o “Manu”, que já há dois anos aguardava por uma ilustradora fantástica na gaveta de uma pequena editora independente que faz coisas lindas. Mas já tinham se passado dois anos, eu não queria mais esperar. Flávia foi receptiva, mas me explicou que a grade de publicações do ano seguinte já estava fechada. Ela avisava para não gerar falsas expectativas. Assenti, encaminhei o original, recebi um sinal de Flávia aguardei. Um dia assisti a uma entrevista de Flávia Lago na Web e fiquei sabendo que ela não estava mais naquela editora que havia programado meu livro para dali a um ano. Cheia de dedos escrevi a ela perguntando se havia outra pessoa na editora com quem eu pudesse conversar sobre meu livro. Muito atenciosa e também objetiva, Flávia me disse que havia migrado para a Autêntica e que levara meu original com ela. Fiquei feliz demais porque publicar pela Autêntica era um sonho, ainda não realizado por desorganização minha, haja vista que Rejane Dias há anos deixou as portas da casa editorial abertas para mim, me colocou em contato com editores de área com os quais conversei, desenhei projetos, mas não consegui tempo para concretizar. Agora “O mar de Manu” saiu pela Autêntica, não sei se vocês têm ideia do que isso significa. Eu tenho e vou deixar vocês descobrirem com o passar do tempo. Por ora, sou só alegria e comemoração. Que “O mar de Manu” voe, rompa fronteiras e me leve junto.

Comentários

Postagens mais visitadas