Os dedos e os anéis na literatura brasileira
por Cidinha da Silva
Mais um 13 de maio e os modos de garantir dedos brancos e anéis foram atualizados com sucesso. Sim, porque enquanto eles levam o milho para o moinho, nós já estamos com o fubá pronto. É conversa para boi dormir essa história de que perguntar se é preto ou não é preto não vai dar em nada. É só o começo. Eles têm projeto de poder, esses herdeiros do Haiti de 1804! Dormimos no lenga-lenga da abolição lenta e gradual e acordamos sem indenização. Você sabe, eles dão um trabalhão para mantê-los no devido lugar: é insurreição pela independência daqui, quilombos, Machado, Lima, Gama, João do Rio, Carolina, Gonzales, Bairros acolá. Até matar os nossos eles ousavam, por isso a gente os mata, preventivamente. É o que eu sempre digo, já que não temos a sorte do terremoto no Haiti para esmagá-los aos magotes, a gente mata os pretos em legítima defesa, senão eles tomam nosso lugar. Porque gente sem noção de hierarquia é esse pessoal. Já não têm o carnaval, as macumbarias deles? Não teve um Exu campeão no sambódromo? Os principais astros do futebol mundial são negros. Não chega? Eles não se satisfazem, são insaciáveis. Brincando, brincando, já são 20 anos das cotas raciais e eles querem espalhar essa praga por todos os cantos. Nós não podemos permitir, literatura é literatura, política pública é política pública e a criação não se mistura com política. Eles começam querendo contar quantos eles são, onde estão, como aparecem. Depois vem o golpe de misericórdia, eles vão querer ocupar nossos lugares, tás a ver? É um pessoal desordeiro por natureza, eles se chamam de insurgentes, mas o que fazem é bagunçar a ordem natural das coisas. Nós temos mérito e os métodos de produção do mérito, e vamos gritar, fazer cortina de fumaça, o que for preciso. Nada de coletar a informação raça ou cor no Jabuti. A alma não tem cor e a raça é humana. Eles que lutem, não é assim que gostam de dizer? Mas, atenção, todo cuidado é pouco, não podemos vacilar. Eles são perigosos, ardilosos, chegam de mansinho e vupt. Nós precisamos mostrar quem manda. Nós somos os donos do moinho, do milho e da força de trabalho deles, logo, o fubá é nosso.
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