Comentário de Uã Flor do Nascimento sobre o livro Tecnologias Ancestrais de Produção de Infinitos

[Por Uã Flor do Nascimento] Recebi, com muita alegria, o último livro de crônicas da maravilhosa Cidinha da Silva, uma das mais potentes vozes da literatura brasileira. "Tecnologias Ancestrais de Produção de Infinitos" não tem apenas um título envolvente, mas nos leva - junto com gravuras incríveis e uma preciosidade de editoração e diagramação - a um mergulho nas palavras que nos fazem transitar por desconfortos e esperanças. Dividido em três partes (carcará, joão-de-barro e bem-te-vi), o livro em asas de pássaro nos convida a pensar não apenas na sempre certeira denúncia das mazelas que nossa história mal-resolvida com o racismo e o sexismo nos lega, mas a olhar com cuidado, ouvindo o canto desses pássaros, que ora nos assombra, ora nos fascina, a pensar na potência das palavras como caminho de criação. A ancestralidade é a pedra de toque, seja na crítica dos cenários de luta, das tensões em torno das políticas da escrita, mas também das possibilidades de seguir inventando, pois foi com essa herança que chegamos até aqui. É um livro absolutamente envolvente e que nos prende da primeira à última página. Obrigado Cidinha, pelas palavras sempre inspiradoras e por nos permitir que é possível seguir produzindo infinitos contra uma "morte" que nos persegue imposta.

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