Carolina Maria de Jesus abordada em curso novo de Cidinha da Silva

Tive a alegria de prefaciar a edição comemorativa de 50 anos de “Quarto de despejo”, obra mais conhecida de Carolina Maria de Jesus. Transcrevo aqui alguns trechos: Eu me autorizo a considerar que o convite para escrever este prefácio passe pelo reconhecimento da minha proximidade à Carolina Maria de Jesus, no sentido de que nós duas temos projetos literários, isso me honra. Posso também pensar que o convite se relacione com a ordem do dia da representatividade, tudo certo, não me furto às responsabilidades de escritora negra que lê o contemporâneo, e Carolina é extremamente contemporânea. É verdade que mesmo sendo alguém tão singular no sistema literário brasileiro, continuam a trocar seu nome, a inverter a ordem de Carolina e Maria em seu nome composto, tornando-a “Maria Carolina de Jesus”. Esse equívoco que nos diz tanto desse sistema é cometido por jornalistas, e, pasmem, por estudiosos de literatura, contudo, republicá-la e mais e mais fazê-lo pode ajudar as pessoas a registrarem seu nome, lerem sua obra e a reverenciarem seu legado. O racismo, atravessa e define a ascensão e a derrocada de Carolina Maria de Jesus no sistema literário brasileiro, aspecto insuficientemente analisado pela maioria dos pesquisadores brancos dedicados à sua obra, dos mais conhecidos e robustos àqueles restritos a artigos sobre aspectos de sua obra e trajetória. Nesse sentido, vale destacar que a análise mais frequente resvala nos “mecanismos sociais que promoveram seu destaque e laboraram também seu esquecimento”, um tipo de afirmação que dilui a força destruidora da discriminação racial que estigmatizou Carolina e a encastelou na imagem de “escritora favelada de sucesso”. Mais no curso MIRADA SOBRE O TRABALHO LITERÁRIO DE OITO ESCRITORAS NEGRAS, AFRICANAS E BRASILEIRAS. Acesse o formulário para matrícula: https://docs.google.com/forms/d/1nobUSFyQ_hoHb5mUyJVifpvMGPHoS9myZzjr2Q95OJw/edit?ts=65156f3f

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