Cronista de um tempo ruim, primeiro livro do Selo Povo, já está no forno

(Por Ferréz). "Primeiro lançamento do Selo Povo, no primeiro semestre de 2009. A coleção de 8 livros segue com a escritora Cernov (Manaus). E muito mais marginália vem ai. Distribuição periférica(leia-se Saraus, Escolas, Ongs, Bares, Igrejas, estúdios, lojas e qualquer lugar que quiser traficar informação). o que é Selo Povo? É o nome da coleção da Editora L.M. (Literatura Marginal) que publicará 8 autores, todos a um preço bem acessível e com distribuição que privilegiará a periferia, os locais já foram mapeados e os livros chegarão lá primeiro e com melhor preço.O Selo Povo foi criado para fazer o livro chegar a quem realmente precisa ler, é também uma forma de mostrar ao mercado a falta de senso referente ao preço das obras, pois um livro de bolso chega a custar até R$ 20,00 em livrarias.Privilegiando a distribuição nos bairros, nós da L.M. colocamos a periferia no centro do trabalho, já que somos nós que produzimos todo o conteúdo e depois temos de "viajar" para encontrar um local que venda nossos produtos.Cultura da periferia em alta voltagem.Quem for morador de bairro, e quiser ser um distribuidor, favor mandar e-mail para literaturamarginal@ibest.com.br para fazermos o cadastro. Selo feito para livros de bolso, livros esses escritos por e para mãos operárias, rebeldes, marginais, periféricas. Que possa alcançar o público despossuído de recurso que geralmente vê o livro como um item raro e elitista. Um vinho guardado e nunca degustado, enquanto queremos que todos bebam pelo menos sua tubaína diária. Um selo em um livro de bolso, para ser posto na sexta básica, para ser lido na rua, no horário de almoço, nas prisões, nos acampamentos, nas zonas, nos bares, barracos e barrancos desse imenso país periferia. Esse selo garante um livro de fácil leitura e que será lido, relido, emprestado, e gasto, andando de mão em mão até que volte para onde veio, a vida. Ao preço de 1 cerveja e meia, e mais barato que um prato feito, a desculpa para não ler acabou. Bem vindo ao Selo Povo, feito pra você e pra todo mundo". (Sobre Ferréz e sua obra, por M. Jolnir, jornalista e escritor). "Escritor e ativista social, Ferréz começou a fazer crônicas na Revista Caros Amigos em novembro de 2000, logo após ter lançado seu primeiro livro: Capão Pecado. De lá até pra cá, passou por dezenas de jornais, revistas, sites. Sempre com uma escrita forte e contundente, muitas vezes até mal interpretada, como o recente processo por apologia ao crime, acatado pelo Ministério Público por conta de um dos seus textos. Se fosse em suas palavras, ele certamente diria nessa introdução: - apologia ao crime é a panela vazia. Na verdade Ferréz teria uma vida bem mais tranqüila, se em seus textos não focasse a luta de classes e nem a realidade caótica brasileira, se não fosse coligado ao movimento Hip-Hop, se nunca tivesse assumido sua escrita como literatura marginal e se não insistisse em permanecer morando no Capão Redondo. Com certeza, o escritor transitaria com mais desenvoltura em outros meios, mas não parece ser essa sua intenção. Enquanto a esmagadora maioria está escrevendo para ter um lugar ao sol, Ferréz parece estar escrevendo para simplesmente chegar ao sul, ao leste, a oeste ou ao norte de lugar algum, afinal o autor trabalha vendendo roupas com frases de seus livros e fazendo palestras em escolas públicas, municipais, além de jovens em liberdade assistida, cadeias, ong´s e dezenas de movimentos populares. Um escritor que trabalha com essa gente só pode estar querendo chegar ao anonimato midiático. Mas estranhamente isso não é que acontece com Ferréz, que é reconhecido por seus textos e livros tanto na elite como nas periferias brasileiras. Ferréz parece ser banhado por uma legitimidade reconhecida das duas partes, como se para ele fosse dado algum tipo de aval, talvez ele seja sem querer um certo tipo de ponte entre esses dois mundos, tão distantes e tão próximos. Nesse livro, podemos ler a crônica SPPCC, que o escritor escreveu meses antes dos atentados cometidos pela facção criminosa, e que somente quem tem uma visão muito pontual da cidade poderia fazer, assim como também a crônica, Meu dia na guerra, que além de narrar os fatos após os atentados, ainda foi um texto muito importante por denunciar as dezenas de chacinas que vieram em seguida, esse texto inclusive foi fator determinante para que elas fossem reprimidas. Outro que merece destaque é o texto, Cotidiano 100%, que foi proibido de sair no livro da companhia de metrô de São Paulo. O que esperamos dele agora? O que ele faz com muita competência, um bom texto que nos cause indignação e que continue andando onde ele é mais urgente, nas ruas desse imenso país periferia. Esse livro contém textos que foram publicados na Revista Caros Amigos, Jornal Folha de São Paulo, Le Mond Diplomatic Brasil, Revista Trip, e Relatório da O.N.U". A distribuição está sendo organizada de forma a atingir vários estados do Brasil. Uma iniciativa da Editora L.M com parceria da Ação Educativa, que promoverá uma revolução no mercado editorial, pondo a periferia na rota de distribuição de livros, revistas, hqs e documentários.

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