Produtivismo na quarentena?

Por Cidinha da Silva Passei o penúltimo dia do ano matutando um recorte para o texto derradeiro de 2020, convencida de que tentativas de síntese ultrapassariam os 1.500 toques desejados. Eis que me deparo com a crítica ácida de poetamigo, a quem dedico escuta atenta, sobre o “produtivismo na quarentena”. Tratei logo de experimentar a carapuça. E me perguntei se a pessoa produtivista seria a que trabalhou loucamente e/ou expôs seu trabalho em demasia? Acho que quem trabalhou assim, o fez por necessidade de sobrevivência (material, emocional, criativa, de interação humana) ou por não saber o que fazer, além de buscar um sentido de utilidade para a vida diante de cifras de mortos pelo Covid-19 noticiadas com a inevitabilidade de uma nuvem de gafanhotos sobre a lavoura humana. Quanto a possível crítica à exposição marqueteira do volume de trabalho, penso que cada pessoa tende a mostrar o que tem ou faz de melhor em busca de espaço ou da consolidação do cercadinho conquistado nas redes sociais. Tem gente que segue a cartilha de exposição da intimidade, inclusive de maneiras disfarçadas que deixam evidente a tentativa de disfarce. Outras gentes mostram o trabalho e seus resultados por ser mesmo o que julgam dever expor, como isca até, para atrair mais trabalho remunerado. Cada pessoa se vira como pode e com o que tem e bom mesmo seria ter uma vida artístico-profissional estabelecida e bem remunerada que nos permitisse prescindir da vitrine das redes sociais. Esse é um dos meus sonhos de consumo.

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