Passinho de afoxé e mel para todos os dias

É bom o sentimento do Ano Novo, principalmente depois de superado o bate-pronto dos desejos de "feliz natal" e "feliz ano novo." Essa sensação de recomeço e de renovação, quando há força e esperança para que as coisas sejam melhores, mais plenas, mais belas. Gosto de ouvir minhas Divas, Bethânia, Nana, Leny Andrade. E ouvir Nana, como bradou Roberto Drummond, é acreditar que todo amor é possível e que a esperança existe. E ouvir as Divas na cidade natal, nessas chuvas que fecham um tempo e abrem outro - e que às vezes nos obrigam a desligar a música, em meio ao espetáculo do granizo ameaçador no vidro das janelas, ao céu vermelho que anuncia chuva de vento, Iansã em movimento, raios e trovões rugindo no peito - é voltar aos sons e sabores primevos, aqueles que definiram o gosto musical da vida. Uma música puxa outra e ouvi também Ângela Maria, Núbia Lafayette, Nora Ney, Dolores Duran, a Divina, Milton, Gil, Djavan, Emílio Santiago e Áurea Martins. Cássia Eller não consigo ouvir em finais de ano, passo ao largo da superexposição de suas músicas. Dói demais, tê-la perdido. E para fechar (ou para abrir) Concha Buika, uma cantora magistral da Guiné Equatorial, interpretando Gardel. E que 2012 venha manso e doce, sem o espírito bélico que uns insistem em evocar. Quero passinho de afoxé nas águas de Lemba e mel de todas as cores e sabores para cada dia do Ano Novo.

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