Lula maior, mais forte, mais verdadeiro e inocente!




“A morte de um combatente não pára uma revolução. Os poderosos podem matar duas, três rosas, mas não podem impedir a chegada da primavera”. Assim Lula encerrou o discurso antológico, no qual comunicou ao mundo a decisão de cumprir o mandado de prisão expedido de maneira atípica, em caráter de exceção.
A condução de Lula do caminhão à porta do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, nos braços do povo, literalmente, nos ombros do povo, são plenas de sentidos, mas, cabe o lembrete, Lula não é um mártir, é um perseguido político e será agora preso político do pós-ditadura civil-militar de 1964. Não o primeiro, que o diga Rafael Braga e tantas outras pessoas negras, cujo único crime é ser negro, mas o grande ícone, preso para servir de exemplo coercitivo aos milhões que o seguem.
Durante o discurso que teve muitos pontos altos e a reconhecida capacidade de Lula de articular o presente e o passado, de mesclar os saramaleques a candidatos, exigido pelo jogo da política e de não perder o fio da meada, Lula se dirigiu a Dilma Roussef da forma correta, chamou-a de “Sua Excelência”, não de “querida”. Elevou-a ao patamar devido. Dirigiu-se respeitosamente à Presidenta eleita. Lula também agradeceu e reverenciou o papel fundamental de Dilma na sustentação de seus oito anos de governo. Por meio dessa deferência, Lula mostrou que aprende, se educa e se reinventa.
Muito simbólico também que tantos artistas jovens, talentosos e ainda não-consagrados tenham se responsabilizado pela parte musical do ato ecumênico. É mesmo obrigação das lideranças mais velhas a promoção das mais jovens, a abertura de espaço.
Segundo Lula, sua fotografia na condição de preso provocará orgasmos múltiplos nos órgãos da imprensa hegemônica que tentam destruir sua liderança, sua reputação e seu legado político, contudo, outra narrativa foi construída hoje e outra fotografia do que essa liderança e seu legado representam foi eternizada.
Eram visíveis a tristeza e decepção no rosto da maioria que compôs a vigília, face à comunicação da decisão de Lula. As pessoas queriam que ele não atendesse ao mandado de prisão, como se ao se deixar prender fossem todos derrotados. Ocorre que existe uma disputa jurídica, como o Presidente mesmo explicou, que poderia deixá-lo preso sem possibilidade de recursos. É preciso confiar na equipe técnica, jurídica e política que o assessora.
O trabalho agora é de formiga e cabe a cada pessoa comprometida com o enfrentamento do golpe político, parlamentar, jurídico e midiático, iniciado em 2016. Será preciso ganhar cada coração e mente para a explicitação dessa farsa e de seus objetivos de sucateamento do pais e manutenção do poder nas mãos de quem sempre mandou e corrompeu. Em todos os lugares se fará a disputa: no prédio, no ônibus, no colégio, na faculdade, no trabalho, no campo de futebol, no transporte público, no sentido da desconstrução do mito da corrupção combatida (e morta) ao "prender o Lula".
É hora de sair da condição de técnico da Seleção que todos nós nos arvoramos a ser. É hora de fazer o trabalho de jogador-operário em campo, aquele invisibilizado, mas imprescindível, que dá condições para os craques armarem o jogo e para os artilheiros se exibirem depois do gol.
Trata-se de trabalho a ser feito no miudinho, no chão da fábrica, ao rés do chão. É hora de retomar os sentidos maiores da política e de desfazer a massa acrítica que dá sustentação aos totalitarismos.

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