#OHomemAzulDoDeserto pelo poeta Ronald Augusto

Para começar, do poeta Oswald de Andrade, um brevíssimo poema do livro Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade, que diz assim:
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crônica 
Por Ronald Augusto
Era uma vez
O mundo
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Na escrita de um cronista de verdade anda um mundo inteiro. A palavra “crônica”, na sucinta economia do poema citado, compila em si tanto a função de título como de primeiro verso. Podemos dispor dos sentidos do mundo desde o silêncio que vem depois do verso “O mundo” suspenso sem ponto final na alvura porosa da página.
O cronista é generoso e irônico com o mundo. A crônica é desprendida e compromissada por natureza. Observe em O homem azul do deserto, em um lance só, o tanto de compaixão e o tanto de revolta pelo tempo e pelo lugar em que estamos imersos. Se o poeta dispõe do mundo da linguagem para levar a cabo sua tarefa de apagamento do mundo ao renomeá-lo vertiginosamente, o cronista, a cronista (no caso em particular), por sua vez, modula a linguagem do mundo porque, como certa vez disse o cego Homero, as dores e aflições humanas só existem como tema para os cantos e as narrativas. Assim, em O homem azul do deserto, nossas dores, alegrias e aflições negras e humanas, são cantadas e narradas mais uma vez de forma eficaz por Cidinha Da Silva.

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