Trechos do prefácio de Pra começar: melhores crônicas de Cidinha da Silva






O prefácio minucioso de Pra começar, segundo volume da série dedicada às minhas melhores crônicas, organizadas tematicamente, é da querida Bel Santos Mayer. Entre muitas qualificações, a que mais a define, em minha opinião, é educadora. Bel educa nossos sentidos com suas leituras do mundo e por isso a convidei para ler meus mundos e prefaciar esse livro tão querido.

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"As 21 crônicas deste volume 2 envolvem crianças, adolescentes e jovens como narradores(as), personagens principais e sujeitos de suas histórias. Têm como cenário as ruas, as escolas, o espaço íntimo das casas, um estúdio de TV, a literatura, as palavras. Muitos arranjos poderiam ter sido feitos para esta escolha de crônicas e muitas interpretações para a seleção. Na minha percepção, as crônicas fazem o caminho do desenvolvimento infantil e juvenil: começam com uma canção e o sorriso de uma menina; passam pela escola, pelo abandono dela e por sua ocupação; adentram os afetos e os desafetos; encontram a cultura alimentar e musical, falam de estética; chegam à crítica e à perda de inocência; terminam com velas ao mar.

Em A menina linda, o que poderia ser apenas um elogio torto de uma criança “penteada como uma bailarina russa” para sua professora negra sugere um pouco mais do que o diálogo entre as duas:
“Professora, posso te falar uma coisa?”
“Lógico que sim, querida, conta!” Ela respondeu enquanto se agachava para ouvir a menina, que tocou levemente um de seus dreads, curiosa como são as crianças, e confessou:
“Você é muito bonita apesar da sua cor.”
A crônica provoca a reflexão sobre a exigência de que mulheres negras sejam sempre guerreiras, transformem cada conflito numa oportunidade de aprendizagem, não percam tempo vivendo suas dores. O diálogo entre a professora mais velha e a professora mais jovem pode ser um jeito para falar de racismo, mas não é esta a preocupação de Cidinha e nem da literatura. Nem uma, nem outra pretendem ensinar. Ambas propõem deslocamentos, reflexões de diferentes pontos de vista, ou seja, nos convidam a sentar em uma roda e experimentar mudar de lugar e acessar os sentimentos provocados pelas palavras ditas e pelos silêncios."

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