Feira do Livro de Porto Alegre

Percebem porque falo de uma espécie de "frango com tudo dentro" usado para caracterizar o que as mulheres negras têm escrito na contemporaneidade brasileira? Eu não sou expoente de nada, muito menos de "feminismo negro", não pesquiso esse tema, não milito no campo. É até injusto com as mulheres que se dedicam seriamente a esse debate e a essa militância. Coisa da imprensa, não tenho nada a ver com isso.


Abertura oficial da Feira do Livro de Porto Alegre ocorre nesta sexta

Edição: Vitor Diel
Arte: Giovani Urio sobre foto de
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Com o lema “a curiosidade é o que nos move”, a 65ª Feira do Livro de Porto Alegre começa na sexta, 1º de novembro, empenhada em celebrar o aspecto inventivo e revolucionário da criatividade ao longo da história. A abertura oficial ocorre às 18h30min no Teatro Carlos Urbim, com a presença da diretoria da Câmara Rio-Grandense do Livro, convidados e da patrona Marô Barbieri. O evento se encerra no dia 17 de novembro.
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Quarta mulher consecutiva a ocupar o patronato do evento, Marô Barbieri é uma das principais autoras de LIJ
no Rio Grande do Sul. Foto: Diego Lopes
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Na Praça da Alfândega, centro de Porto Alegre, estarão presentes 106 barracas, cerca de 2.000 autores gaúchos, nacionais e internacionais, mais de 600 sessões de autógrafos e mais de 500 atividades, encontros, conversas e debates sobre assuntos diversos. Em pauta, os temas atuais da literatura e do momento social, comportamental, político, cultural e artístico do país e do mundo. “Queremos aprofundar questões pertinentes da vida contemporânea, observando a diversidade e promovendo a inclusão, para chegar a novas formulações, instigando e mantendo a curiosidade”, afirma Isatir Bottin Filho, presidente da Câmara do Livro.
Destaques da programação para o público adulto
Sob o viés da diversidade, a programação para o público adulto vai oferecer seminários, encontros, debates, oficinas com os mais variados temas, trazendo escritores e pensadores brasileiros e estrangeiros para lançar seus livros e refletir sobre o nosso tempo. Entre as questões, algumas se destacam: O pensamento é subversivo? A arte combate a injustiça? O jovem adulto lê?
Nos 17 dias de Feira, assuntos como a cidade e o imaginário cotidiano, a escravidão no país, liberdade de ensinar e de aprender, mídia e feminismo, a questão indígena no Brasil contemporâneo, a música, os 50 anos de Woodstock, os 100 melhores curtas-metragens brasileiros na visão da crítica, racismo, direitos humanos, justiça e exílio estarão no centro dos debates. O social, o político, o cultural e o artístico, identidades, raízes e atualidades de um mundo fracionado e polarizado vão fazer parte das conversas.
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Autora de um dos romances definitivos sobre a diáspora negra e a escravidão no Brasil,
‘Um Defeito de Cor’, Ana Maria Gonçalves encontra o público no dia 12 de novembro, às 18h. Foto: Leo Pinheiro
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A literatura em todos os seus gêneros – romance, crônica, poesia, terror, humor, conto – estará representada por mais de 150 autores brasileiros, como Laurentino Gomes, Maria José Silveira, Leonardo Tonus, Ana Maria Gonçalves e Nilton Bonder. Mais de 12 escritores e pensadores internacionais participam da Feira, entre eles o sociólogo e professor francês Philipe Joron, o sueco Mats Strandberg, os italianos Vicenzo Susca e Fabio LaRocca, a jornalista alemã Caren Miesenberger, a angolana Djaimilia Pereira de Almeida e as argentinas Liliana Heer, psicanalista, escritora e crítica literária, e Mariana Travacio, psicóloga.
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Seis vezes vencedor do Jabuti e um dos maiores sucessos editoriais dos últimos anos,
Laurentino Gomes fala no dia 3 de novembro, às 16h30min, sobre a história da escravidão. Foto: Divulgação
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Convidados internacionais
– O francês Philipe Joron, doutor em Sociologia pela Sorbonne, professor titular na Universidade Paul-Valéry, em Montpellier, professor visitante e pesquisador estrangeiro no Brasil. Atualmente, dirige a Faculdade Sciences du Sujet et de la Société. Joron toca naquilo que realmente faz a vida social, o cotidiano e suas singularidades. Seu leitor anda por veredas e por linhas paralelas. Dia 2 de novembro, às 16h30min, no Auditório Barbosa Lessa, com o livro A vida improdutiva (Editora Sulina).
– O sueco Mats Strandberg, que tem o seu quarto livro solo A última travessia (Editora Morro Branco) entre os 10 mais vendidos na Europa, com uma adaptação cinematográfica em andamento.  Dia 2 de novembro, às 18h, no Auditório Barbosa Lessa.
– O italinao Vicenzo Susca, doutor em Sociologia pela Sorbonne, diretor do Departamento de Sociologia da Universidade Montpellier III e editor da revista Cahiers Européens de L´Imaginaire. É autor de vários livros, entre eles “Nos limites do imaginário, o governador Scharwzenegger, os telepopulistas” e “Pornocultura, viagem ao fundo da carne, em coautoria com Claudia Attimonelli. Dia 2 de novembro, às 16h30min, no Auditório Barbosa Lessa, para falar sobre o livro “As afinidades conectivas: para compreender a cultura digital” (Editora Sulina).  
– O italiano Fabio LaRocca, doutor em Sociologia pela Universidade Paris Descartes Sorbonne (2008). É professor na Universidade Paul-Valéry Montpellier 3. Seus estudos e trabalhos são voltamos para a Sociologia do Imaginário, Comunicação e Mídias, Sociologia Visual, Cidades e Espaços Urbanos, Epistemologia e História do Pensamento Sociológico.  Dia 2 de novembro, às 16h30min, no Auditório Barbosa Lessa, vai falar sobre o livro A cidade em todas suas formas (Editora Sulina).
– A alemã Caren Miesenberger, jornalista e freelancer, trabalha para vários veículos na Alemanha, como BuzzFeed, Print, Online e Radio em Hamburgo. Faz mestrado em Geografia. Já publicou artigos em português para a Fundação Heinrich Böll, Blogueiras Feministas e Não Me Kahlo. Seus temas falam de sociedade, cultura popular, feminismo queer, digitalidade e mobilidade. É assessora do Twitter da Wir Machen Das e editora voluntária da revista Brasilicum. Dia 7 de novembro, 18h, no Auditório Barbosa Lessa, vai falar sobre Resistência feminista na mídia brasileira e alemã.
– Rabino Joseph Saltoun, Canadá. Escritor, pesquisador, palestrante, comentarista e estudioso da Kabbalah, da qual é mestre, e da Teosofia Religiosa, desde os 22 anos. Iniciou em 1982 e é um dos poucos a serem ordenados como Rabino e Sábio da Kabbalah pelo renomado Rabino P. S. Berg (fundador do Kabbalah Centre International.
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Nascida em Angola e criada em Lisboa, Djaimilia Pereira de Almeida é um dos principais nomes
de sua geração na nova literatura portuguesa e angolana. A autora apresenta-se no dia 16 de novembro, às 18h. Foto: Divulgação/Leya
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– Djaimilia Pereira de Almeida, de Angola. Nasceu em Luanda em 1982. Cresceu nos arredores de Lisboa. Formou-se em Estudos Portugueses e fez doutorado em Teoria da Literatura, na Universidade de Lisboa. Foi uma das vencedoras do Prêmio de Ensaísmo Serrote (2013 – Instituto Moreira Salles). Publicou ensaios em revistas e jornais de Portugal, EUA e Brasil. Esse Cabelo (Prêmio Novos – Literatura 2016) é seu primeiro livro. Em 2016, foi uma das finalistas da Rolex Mentor and Protégé Arts Initiative. Dia 16 de novembro, às 18h, no Auditório Barbosa Lessa para falar sobre seu segundo romance Luanda, Lisboa, Paraíso, balanço de três vidas obscuras, em que esperança e pessimismo, desperdício e redenção, surgem lado a lado.
– Liliana Heer, da Argentina. Psicanalista, escritora e crítica literária. Tem vários livros publicados desde 1980. Dejarse Llevar (relatos), Bloyd (novela, Prêmio Boris Vian, 1984), La Tercera Mitad (novela, 1988), Giacomo. O texto secreto de Joyce (ficção crítica, 1992), em coautoria com J. C. Martini Real, Frescos de amor (novela, 1995), El sol después e Hamlet & Hamlet (2011), entre outros. Escreveu o curta-metragem Dibujar um elefante em base al recuerdo de lós mirlos, dirigido por Rubén Guzmán e a peça teatral Para empezar aplaudiendo – Sin apremio por concluir.
– Mariana Travacio, da Argentina. Psicóloga especializada em Criminologia Forense, experiência que a marcou para sempre e transborda na sua literatura. Seus contos foram premiados e publicados em Cenizas de carnaval, edição que não deixa lugar para dúvidas sobre a construção do sinistro e do perverso. Dia 6 de novembro, no Auditório Barbosa Lessa para falar sobre Diálogos entre a literatura brasileira e argentina. Editora Moinhos.
– Emanuele Coccia, Itália/França. Filósofo italiano. É professor auxiliar na École des Hautes Études em Sciences Sociales, em Paris. Das suas publicações traduzidas em diversas línguas, destacam-se A Vida Sensível (2010), Le Biens dans les choses (2013) e La vie des plantes (2016). Co-editou com Giorgio Agamben a antologia Angeli. Ebraismo Cristianesimo Islam (2009). Dia 17 de novembro, às 16h30min, no Auditório Barbosa Lessa para falar sobre o livro A Vida Sensível (Editora Dantes).
– Gonçalo Ferraz, Portugal. Poeta, pesquisador e acadêmico, é professor de Biologia de Populações na UFRGS. Procura manter no trabalho a criatividade em todas as regras de expressão que a atividade científica impõe. A poesia para ele transita nesse meio. É um exercício de expressão sintética das ideias que considera importante dentro das regras.  Dia 3 de novembro, às 18h30min, na Sala O Retrato.
– Marcela Villavella, psicanalista e poeta argentina conhecida por seus ensaios de divulgação e seu trabalho de coordenação da Escola Brasileira de Psicoanálisis. Dia 15 de novembro, às 16h30min, no Auditório Barbosa Lessa para falar sobre a Revista Anna O, Editora Après Coup.
Programação infantojuvenil investe na formação de leitores
Contribuir para a formação de leitores e de mediadores de leitura é o objetivo principal da programação infantojuvenil e das atividades para professores da 65ª Feira do Livro de Porto Alegre. Cerca de 80 autores convidados participam das atividades.
Nesta edição, “Literatura Oral – A palavra como patrimônio” é o tema central da Área Infantil e Juvenil, que é integrada por encontros com autores, contações de histórias e espetáculos, entre outras atividades, e do ciclo A Hora do Educador. O ciclo proporcionará ao público seminários, palestras, oficinas, bate-papos e saraus. 
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Um dos expoentes do feminismo negro brasileiro, Cidinha da Silva participa no dia 14 de novembro. Foto: Pâmela Íris
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Sob a inspiração do tema foi criada a ambientação da Tenda das Mil e Uma Histórias (diante do Memorial do RS), destinada a crianças de 0 a 6 anos. A equipe estará caracterizada como personagens das histórias de Sherazade, muitas das quais farão parte da programação, assim como histórias de livros dos autores convidados.
Outro local especialmente preparado para esta faixa etária é a Bebeteca (Espaço Cultural dos Correios), que estará ambientada com A Casa dos Três Porquinhos. Este espaço, que conta com um acervo especial, foi criado para incentivar a leitura em família. A atividade dos griôs e dos cordelistas também será mostrada na programação infantil e juvenil.   
Espaços da Área Infantil e Juvenil e do ciclo A Hora do Educador:
– Teatro Carlos Urbim – Rua Cassiano Nascimento, entre o Farol Santander e o Memorial do RS)
– Auditório do Memorial do RS – 1º andar
– Biblioteca Moacyr Scliar, Bebeteca e Ateliê da Imagem – Espaço Cultural dos Correios (Av. Sepúlveda, junto à Praça da Alfândega)
– Tenda das Mil e Uma Histórias – Praça da Alfândega, em frente ao Memorial do RS
– Arena Inovação – Praça da Alfândega, junto ao Banrisul
– Estação da Acessibilidade – Praça da Alfândega, ao lado da Central de Informações 
– Auditório da Livraria Paulinas – Rua dos Andradas, 1.212

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