Habemus o livro 17, "O teatro negro de Cidinha da Silva"



Com muita alegria compartilho a capa de "O teatro negro de Cidinha da Silva", publicação do Selo Literário Aquilombô, de Belo Horizonte. A curadoria e edição são do Marcos Fábio de Faria que me brindou também com  um prefácio de rotas marítimas que adorei. O belo projeto gráfico do meu livro em verde e rosa é da Priscila Justino. A revisão dos textos foi feita pela Cecília Floresta. Agradeço a todo mundo e também ao Rodrigo Jerônimo, comandante da nau. O lançamento oficial ocorrerá durante a Bienal do Livro de Contagem (8 a 10 de novembro), cidade onde vivi dos 6 aos 19 anos. Em breve o livro estará disponível na loja virtual Kuanza Produções e divulgarei a agenda de lançamentos em algumas cidades brasileiras nos meses de novembro e dezembro. Por ora, fiquem com trechos do prefácio escrito pelo Marcos.

"A literatura é um oceano, em todas as suas dimensões e profundidades. O que
conhecemos é sua superfície e, por isso, conseguimos, precariamente, classificá-la,
sendo esse o nosso grande erro, uma vez que todo ato demiúrgico é, por si só, arbitrário.
Ainda assim gosto, nessa perspectiva, de pensar a literatura, sobretudo a dramática,
enquanto documento.O teatro negro principalmente, já que, voluntária ou
involuntariamente, há, na publicação dessa produção estética, uma função social que
conjuga diversas finalidades do ato de escrever. Por isso mesmo, configura-se como
material histórico em concorrência com a mirada que totaliza a memória como um
privilégio branco e que atende anseios de uma determinada classe e das formas de vida
que, por essa classe, são invalidadas.

Refletir sobre o Teatro Negro de Cidinha da Silva é, portanto, pensar a literatura que
importa. Importar, aqui, se dá por uma leitura polissêmica, sendo o fundamental, mas,
também, aquilo que implica, que traz em si. Portanto, um documento fundamental para
restaurar ou, mais que isso, emergir aquilo que, em nossa existência negra, sempre foi
afogado por uma imposição de valores que, construídos à revelia de um povo
fundamental para a arquitetura deste país Brasil, repeliu tecnologias que foram
essenciais para nos mantermos vivos, embora elas nunca estivessem, de fato,
assassinadas, apesar dos intentos físicos e psicológicos de implodi-las. Esses
documentos importam formas de reestruturar nossas existências pela elaboração das
nossas complexidades, mas, também, de forma basilar pela compilação de nossas
narrativas" (Marcos Fábio de Faria).

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