Sobre O homem azul do deserto

Num dia qualquer de maio de 2018, encontrei o poeta Silvio Diogo depois de uma década que não nos víamos. Ele havia se mudado de São Paulo, onde o conheci, para Diamantina, região nordeste de minhas Minas Gerais. Tinha uma filha, Joana, de quem falava sem parar. De maneira vaga falou sobre questões de saúde, mas tudo estava bem, sob controle, segundo ele.

“O homem azul do deserto” estava para sair e Silvio mostrou interesse de gravar o texto que dava título ao livro num programa de áudios que havia criado numa plataforma. Aceitei e agradeci, mas demorei a mandar o texto, pois estava muito atribulada, em processo de mudança. De maneira gentil, como era sua marca, Silvio me lembrou do envio do texto. Não consegui atende-lo de pronto. Em algum momento mandei o miolo da obra para que ele conhecesse todo o livro e pudesse resenha-lo.

Ficaram o áudio da leitura e as palavras abaixo, creio que não houve tempo para a resenha. Em alguns meses, o delicado Silvio Diogo voou para outros mares.

http://soundcloud.com/desenhares/o-homem-azul-do-deserto-cidinha-da-silva

“Conheci Cidinha da Silva por ocasião do lançamento de seu livro de estreia, 'Cada tridente em seu lugar e outras crônicas' (São Paulo: Instituto Kuanza, 2006). A autora sugestivamente evocava Exu ao abrir caminho, e a fluência de sua prosa, a opção pela crônica, o humor crítico e comovente davam mostras de uma escritora arguta, sensível, atenta às grandes questões de seu tempo. Li em seguida, de uma só levada, 'Você me deixe, viu? Eu vou bater meu tambor!' (Belo Horizonte: Mazza, 2008). Foi dessas leituras que nos encontram em momento exato, em que o livro se revela, muito mais do que uma distração, uma necessidade. Depois continuei acompanhando de forma esparsa a sua produção, crônicas e textos de intervenção, mas não tive a oportunidade de ler os muitos livros que Cidinha publicou nos últimos dez anos. É com alegria, portanto, que recebo a notícia de que vem aí 'O homem azul do deserto', pela Editora Malê. Prazer reencontrá-la em livro” (Sílvio Diogo, poeta e jornalista).

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