Lives, pero no mucho (crônica)

"Lives, pero no mucho" por Cidinha da Silva Recebi um convite honesto e objetivo para uma live em janeiro, ao qual respostei com um não sincero. Como muita gente amiga, cheguei ao final de novembro de 2020 exausta e ainda tinha agenda intensa e densa a cumprir em dezembro. Antes que contraponham a mim o pessoal das oito horas de trabalho por dia, a gente do mundo da literatura e das intelectualidades trabalha de dez a catorze horas diárias, não tem sábado e domingo e se esquece dos feriados. Pois bem, naquela avaliação necessária de fim de ano percebi o quanto ter dito sim a 97% dos convites não-remunerados foi desgastante. Cansei de fazer live (dos outros) para seis, sete, doze pessoas, a maioria, gente da minha própria rede. O objetivo de ampliar meu público não se cumpria, portanto. Grande parte das lives era mal divulgada antes e não desenvolvia qualquer atividade posterior que potencializasse meu tempo investido naquelas conversas. Quando a gente se sente o pó da rabiola se pergunta: Para que mesmo tudo isso? Para que e para quem tanto sim? O que recebo em troca? Que nível de satisfação isso gera? A conta agora será a seguinte: Para eu dizer sim, é preciso que a live (execução, produção e pós-produção) valha mais do que 1:40 de descanso, de leitura, de atenção a um show em canal de música, de escrita literária, em 1:40 min escrevo quatro ou cinco textos como este aqui e posso ser lida por milhares de pessoas. Um sim precisa valer mais do que isso, caso contrário, declaro aberta a porteira do não.

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