O lugar da argila no livro Tecnologias Ancestrais de Produção de Infinitos

A ARGILA É ELEMENTO DO MEU IMAGINÁRIO DESDE A INFÂNCIA. As primeiras lembranças são de escavação de uma terra úmida, o barro, para alcançar a argila, numa mata próxima à minha casa, com muitas árvores e água corrente, chamada por nós de “matinha”. Eu e meus irmãos guiados pelo sempre chefe das expedições, meu pai. Depois, o ensinamento de que aquele material que havíamos encontrado no fundo do barro era a matéria prima usada para a modelagem de utensílios domésticos, tais como pratos, canecas, bilhas e panelas (na minha casa sempre cozinhamos em panelas de barro e também de pedra e ferro), e das peças de artesanato que me encantavam no mercado central de Belo Horizonte: galinhas d’angola, cofres em formato de porcos, jarros, vasos de plantas, réplicas diversas de animais e coisas, pintados ou não. Mais tarde um pouco, encontrei as peças de barro (a gente chama a argila de barro, mas sabe que são coisas diferentes) nas casas de umbanda e candomblé e no Palácio das Artes, ali conheci o artesanato do Vale do Jequitinhonha. Aqueles trabalhos tão vívidos me levaram a bater na porta da grande artista de Araçuaí, Lira Marques, ainda no final da adolescência para conhecê-la e vivenciar um dos grandes encontros da vida. Anos depois, acessei o trabalho profissional das paneleiras de Goiabeiras, no Espírito Santo, e pude acompanhar todas as etapas de confecção de uma panela de barro para uso doméstico, da escolha e retirada da argila à queima da panela. A cura do objeto, a gente faz em casa. Então, quando vi a peça da artista Okun (@okun_) , “Orelha-mar, ouça a calunga grande”, fui levada para esses lugares de memória e tive a certeza de ter encontrado a capa do TECNOLOGIAS ANCESTRAIS DE PRODUÇÃO DE INFINITOS. Como já contei a vocês, expressei meu interesse ao editor, @migueljube, e batemos o martelo (sem quebrar a peça) para convidar Okun a compor conosco o projeto. Agora, vamos para a rua. Dia 03 fevereiro de 2023, sob a bênção das águas atlânticas do Rio de Janeiro, o TECNOLOGIAS começará a circular pelo no mundo. A CASA DAS PRETAS (@casadaspretas), esse lugar que é o mais puro asé, será nosso posto simultâneo de ancoragem e de lançamento no universo. A partir das 20:00 da sexta-feira de Oxalá, todos os caminhos nos levarão até a CASA DAS PRETAS (rua dos Inválidos, 122), com a presença da autora, Cidinha da Silva. Até já. Bora festejar.

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