Uma leitura do Tecnologias Ancestrais de Produção de Infinitos e um comentário da autora do livro sobre ela

UMA LEITURA DO TECNOLOGIAS ANCESTRAIS DE PRODUÇÃO DE INFINITOS Passando por aqui para compartilhar com vocês mais um livro incrível que descobri nesse coletivo: “Tecnologias Ancestrais de Produção de Infinitos”, de Cidinha da Silva. Imperdível. Tive o privilégio de recebê-lo autografado das mãos da autora durante o lançamento no Rio de Janeiro, junto com um abraço (sabem? esse gesto tão singelo e tão precioso em tempos de pós-pandemia). A obra tem como foco a africanidade brasileira e é composta de crônicas no puro estilo Cidinha: irônico, comovente, provocador, vibrante. A autora valeu-se de uma alegoria perfeita para intitular as três partes do livro, contando com o talento da artista Òkun e suas belíssimas ilustrações. A Cidinha “Carcará” denuncia com vigor o racismo, as dramáticas consequências da pandemia de Covid-19 e a advertência/prenúncio do que seriam (e foram) os últimos quatro anos de trevas que viveu o Brasil. A “João-de-Barro” aponta as desigualdades nas estradas tortuosas do mundo literário e artístico. Em “Bem-te-vi”, sua pena torna-se mais cronista e menos ativista. Cidinha pediu a Exu que temperasse com mel sua língua ferina. Torço para que ele não o faça. Precisamos de sua língua ferina, agitadora de consciências e produtora de infinitos. “Tecnologias...”, além de muito bem escrita, é uma obra necessária. A crônica “Trem Desgovernado” fecha o livro com chave de ouro. A última frase é um quilate poético. Não transcrevo, não. Leiam! (Elie Jotta). UM COMENTÁRIO DA AUTORA A PARTIR DA LEITURA DE ELIE JOTTA Olá Elie, bom dia! Muito obrigada pela leitura crítica e atenta. Vou me permitir uma discordância aqui: não existe ativismo político em "Carcará" e "João-de-Barro", existe leitura crítica do mundo, posicionamento político, política, em sentido amplo. Precisamos dar um passo à frente e parar de chamar de ativismo político, as construções críticas e, portanto, políticas, feitas por escritoras negras, a não ser que elas caracterizem assim o que escrevem. Muitas colegas o fazem, eu, não. Minha literatura é crítica, como entendendo que devam ser as produções artísticas. Ativismo político é outra coisa. Aliás, as crônicas de "Carcará" abrem o livro porque são melhor cartão de visitas como cronista. Mais uma vez, obrigada pela leitura.

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