Esta é a capa do Tambor

A ilustração é da Lia Maria, a arte final da Iléa Ferraz e do Cristiano Rafael. Agradeço aos três. O livro está na gráfica, logo, logo, sai da prensa. Enquanto aguardo, começarei a postar um texto aqui, outro ali, com ilustração acoplada, quando for o caso. O título é uma corruptela de "olhe, você me deixe, viu?", expressão bastante usual em terras soteropolitanas, de pura independência. Acrescentei a batida do tambor para reafirmar que faço o que quero, "escrevo o que quero", como fazia Biko, e que ninguém me policie. Foi também para trazer mais um som, posto que o ritmo na escrita me é tão caro. A capa é uma viagem nas águas, dos rios, dos mares... perceberam os belos tons de azul? Pode ser também o mergulho no céu, dado por um peixe solitário e voador, de olho espelhado, oxunico, dupla vidência. Pode ser tudo mais que você quiser, este é meu jeito de interpretar. Quando Lia mandou o desenho do peixe, a princípio para ilustrar um dos textos, eu disse, "esta é capa". Nos desentendemos um pouco, ela sugeria outro desenho e eu disse que o peixe completava o conceito do livro. É fertilidade mas é busca solitária, ambas envolvidas pelo mar, imensidão e profundidade, colorido de alegria, olhos bem abertos, atentos. Um peixe que nada rumo à superficíe, de olho nas estrelas. "O mar de Minas é o céu". O livro é obra singela, composta por 25 histórias curtas, ilustradas, crônicas e mini-contos que têm como pano de fundo, discussões de gênero e sexualidade, centradas em dois aspectos, o amor e a solidão. São várias as personagens femininas a divagar sobre os temas, com acidez, a maior parte do tempo, em gotas de lirismo, em um ou outro texto e com humor, e talvez um pouco mais de acidez, em outros. Escrever e publicar o segundo livro é um alívio, quer dizer que você não estagnará no primeiro, não será escritora de um livro só. Há um tipo de autor que depois de 30 anos de exercício literário, 5 ou 6 livros publicados, conclui: "eu publiquei demais". Talvez ele esteja dizendo que deveria ter se dedicado ainda mais ao aperfeiçoamento da escrita, que deveria ter burilado de maneira mais precisa o diamante bruto da sua genialidade. Há outro tipo de autor que tem mais fome de publicação, de diálogo com o público, é menos genial, tem pegada de João-de-barro, canta enquanto constrói a casa, tem consciência de que é nas publicações, resultado de muita labuta na escrita, que se vai aperfeiçoando e construindo o escritor. Nem todo mundo dá pra Guimarães Rosa que publicou pouco e disse tanto. Há pessoas que precisam peneirar bastante o cascalho pra encontrar um diamantezinho, se Adélia me permite deformar seu belo verso. Eu tô curtindo muito tudo isso, espero que vocês curtam também.

Comentários

Rejane Ribeiro disse…
Cidinha,
Saudade!!!!
Estou muito feliz com seu novo livro. Alias, feliz e anciosa para ler.
Beijos
Rejane

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