Será a volta do monstro?
Por Cidinha da Silva
Parece que o vento virou, à direita, e os de sempre têm o leme nas mãos.
Mãos sujas de sangue por tantos séculos, tantas gerações.
Gerações de sesmeiros, exploradores de minas e escravizadores de gente, cafeicultores, usineiros, donos do cartel do transporte público.
Transporte público que foi e é luta de vanguarda, pelo direito a viver na cidade, a desfrutar da cidade.
Cidade que nos expulsa, que não nos cabe, não nos dá amor.
Amor que se vê na Brasilândia, no Campo Limpo, no Morro do Alemão que desce para o asfalto e exige o fim do extermínio da juventude negra, favelada, periférica. Amor que se respira na Revolta dos Turbantes.
Turbantes que protegem e molduram cabeças e cabeleiras de potentes mulheres negras.
Negras mulheres que mais uma vez tingem as ruas e a noite com cores de alegria e força da transformação, com espadas banhadas em mel.
Mel que nos dá Oxum com chá de canela bem quente para que, despertas, acompanhemos o desenrolar dos fatos novos para alguns, tão velhos e conhecidos para nós.
Conhecidos como o são todos os expedientes da direita que não podem nos surpreender, tampouco nos apequenar.
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