Descolonizar a língua e radicalizar a margem


Por : Taís Bravo
"Cidinha da Silva parece nunca errar a mão. Com frases enxutas, inícios instigantes e finais certeiros, sua escrita é uma espécie de captura. Cada conto é como um retrato de uma personagem. Esses retratos podem mostrar eventos pontuais que deixam um rastro de mistério ou acontecimentos definitivos que alteram todos os tempos da história. Há, de modo geral, uma suspensão. As narrativas nos convocam não apenas pelo que contam, mas também pelo que fica de fora da captura. Aqui qualquer concepção positivista da realidade é rasgada. Dividimos as calçadas com os orixás. O inefável se faz de corpo presente. A inteligência vai muito além da racionalidade. E a nossa língua é viva.
A capacidade da escrita de Cidinha de transitar por espaços, línguas e contextos sociais diversos é notável a partir de suas referências: Filhos de Gandhy, Martin Luther King, Oxum, Oya, Natalia Borges Polesso, Audre Lorde, makotas, ebó, exuzilhamento. Essas são algumas das palavras, nomes, expressões que participam de suas mitopoéticas. Mais do que referências, tais termos, acredito, funcionam como uma espécie de filiação. Ao citá-los, Cidinha marca sua filiação a diferentes saberes, experiências e posicionamentos. E mais uma vez, afirma a diversidade de vidas que não cabem em nichos identitários, porque estão abertas a diferentes modos de resistência. Vidas que, uma vez excluídas do que é considerado como universal, acumulam não só experiências de opressão, mas também de potencialidades. Ou seja, vidas que radicalizam o que é estar à margem."
Leia resenha completa de Um Exu em Nova York, feita pela Taís Bravo, em: https://medium.com/mulheres-que-escrevem/descolonizar-a-l%C3%ADngua-e-radicalizar-a-margem-3653704b0591?fbclid=IwAR3TyzKvy8f0XXCmp7B9I3hHIJqn6x-kbEBbbnMJALtzVyCYyFcz78se7UA 

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