Minha Senhora das Águas!
Agora que já cantei, entreguei a comida na mata, o presente às águas e já choveu, posso falar.
Minha Mãe é de interioridade só dela, não é mansa como pregam os que a percebem capilarmente, é rio de redemoinhos no fundo. Gosta de palco, principalmente quando protagonista da cena, mas é menos midiática que a Senhora dos Ventos.
Suas reverências são mais discretas, não há assim
uma comida só dela feita para agradar o paladar do povo no seu dia. Nesse
aspecto, ela é menos popular e quer mesmo é que o povo lhe renda graças por
meio de agrados e presentes entregues em sua própria casa, enquanto, sem se
levantar do trono, observa o movimento à volta.
Oxum não é mansa, é rio de redemoinhos no fundo. São
poucas as pessoas que compreendem suas nuances, mas quero mesmo é ser daquelas
que compartilham sua essência. E agradecer, enquanto descanso a cabeça em seu
colo e me refaço no cafuné. Nzaambi ye Kwatesa!
(Do livro Exuzilhar: melhores crônicas de Cidinha da Silva - vol.1)
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