Eleições, eleições!
Desde a vitória de Obama em 2008, alguns procedimentos têm mudado nas
eleições, o principal deles, a massificação do uso de ferramentas de
comunicação tecnológica para divulgar plataformas, pedir votos e convencer
eleitores. Aqui, na eleição de 2012, experimenta-se tormentoso assédio de
candidatos e/ou de seus representantes-master pelos celulares e telefones
fixos.
Algumas coisas, entretanto, não mudam ou mudam quase nada: os discursos
viciados, idiotizantes, mentirosos, manipuladores. A sujeira nas ruas, a poluição
visual e sonora da propaganda política. A disputa insana por segundos na
televisão, levando grandes líderes a conspurcarem a biografia em alianças
eleitoreiras com ex-inimigos, de comprovada filiação à bandidagem.
Vez ou outra surge alguém visionário, honesto, com projeto para enfrentar
questões cruciais, tais como Marcelo Freixo, Marcelo Yuka e Aspásia Camargo no
Rio, Luiza Erundina em São Paulo. São raros e episódicos, embora sejam
emblemas insistentes da tentativa de transformar a política em coisa grande.
Algo que parece não sofrer alteração alguma, mesmo com os 20 milhões de pessoas alçadas da miséria absoluta nos últimos 10 anos, é a indústria de subempregos
gerada pela caça ao voto. Pobres senhoras assentadas em praça pública dos
bairros de classe média, como guarda-costas de placas sorridentes com nome e
número de candidatos. Mulheres que quando têm alguma sorte conseguem um banheiro
para usar ao longo do dia, antes de carregar a placa para casa e trazê-la de
volta na manhã do dia seguinte. Jovens mulheres e outras nem tanto a distribuir
santinhos pelas ruas. Homens a empurrar alegorias de candidatos na disputa pela
atenção de quem passa. Meninos a colocar santinhos nas caixas de correio das
casas e condomínios de bairros populares.
E quando nas cidades do interior, nas quais o voto de cabresto ainda
vigora, acontecem mortes durante as querelas entre os representantes de um
cacique político e outro, são votos, os que morrem de cada lado.
Foto: Spírito Santo.
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