A presença negra nas artes é tema de debates em São Paulo
quinta-feira, 19 / setembro / 2013
As atividades estão na programação alusiva ao Palmares 25 Anos, e vão discutir as perspectivas sobre a presença negra paulistana no fazer cultural
Discussões sobre os espaços atualmente ocupados pelos negros e negras representam uma forma eficaz de identificar as necessidades reais dessa população. Para tanto a Representação Regional da Fundação Cultural Palmares – MinC (FCP), em São Paulo, promove uma série de debates que vai discutir a presença negra no teatro, na literatura e no fazer intelectual, nos dias 19, 20 e 26 de setembro, no Auditório MinC, Alameda Nothmann, 1058, Campos Elísios, sempre às 19 horas.
As atividades fazem parte do Palmares 25 Anos e contam ainda com debates sobre mídia e relações raciais, as séries “Olhares de Dentro” e “Territórios Negros na Urbes Paulistana”. Cidinha da Silva, representante da FCP no estado, e idealizadora das ações, conta que esses temas foram escolhidos como resposta às demandas apresentadas pelos agentes culturais negros nas reuniões realizadas com a FCP – MinC nos meses de abril, maio e junho.
O corpo negro no teatro – Atualmente, o Brasil conta com aproximadamente 130 companhias de teatro, formadas majoritariamente por atores, atrizes e diretores negros. As produções viajam pela estética negra, recriam representações das tradições de matriz africana, assim como situações cotidianas da população afro-brasileira. No campo cultural, representam uma das principais armas de combate ao racismo e a discriminação racial.
Para a diretora e atriz de teatro, Lucélia Sérgio, da Companhia “Os Crespos”, que participa do debate “O corpo Negro no Teatro”, que acontece nessa quinta-feira, 19/09, a partir das 19h, é importante discutir a presença negra em cena, assim como financiamento e capacitação para as produções afro-brasileiras.
Produção intelectual negra - No mesmo dia, encerrando as atividades, acontece ainda um debate sobre “O corpo negro no fazer intelectual”. Flávia Rios, socióloga convidada para participar da atividade, relata que a produção intelectual da população negra tem mais visibilidade nas áreas humanas e há um déficit em relação às ciências exatas e de saúde. A socióloga atribui isso ao falta de oportunidade de acessos dos negros nessas áreas. “O debate deve movimentar as pessoas sobre a necessidade do aumento de linhas de pesquisas e de financiamento, assim como meio para facilitar o acesso dos negros e negras às universidades e espaços de produção intelectual”, pontuou Flávia.
Afro-literatura – Numa pesquisa recente a pesquisadora da Universidade de Brasília Regina Dalcastagnè, denuncia padrões construídos e validados pela literatura brasileira que mostram que o racismo também é forte no segmento. Segundo informações, 93,9% dos escritores são brancos. E com o objetivo de discutir a participação negra no campo da literatura, acontecem nos dias 20 e 26 de setembro, também às 19h, respectivamente, os debates “O corpo negro na literatura” e “O caminho editorial negro”.
A escritora Miriam Alves, palestrante do evento, relata a dificuldade encontrada pelos autores negros em publicar as obras nas editoras comerciais, o que os leva às casas alternativas.”Por isso fazemos saraus, eventos e debates. São esses que nos fazem trocar informações e dão visibilidade ao nosso trabalho”, disse.
Palmares 25 Anos – São Paulo
19/09 (quinta-feira) às 19:00
O corpo no teatro negro – Sidney Santiago, ator, diretor / Os Crespos
O corpo negro no teatro – Lucélia Sérgio, atriz, diretora / Os Crespos
O corpo negro no fazer intelectual – Flávia Rios, Socióloga, Co-autora de Lélia Gonzales, uma biografia e Emerson Inácio, professor / USP, pesquisador em raça, etnia, gênero e sexualidade
Facilitador: Pedro Neto, Cientista Social PUC-SP e Onilu no Ilé Àse Palepa Mariwo Sesu – SP
20/09 (sexta-feira) às 19:00
Performance: “Folhas poéticas… apanha folha com folha!” Com a escritora e poeta Miriam Alves
O corpo negro na literatura – Sérgio Ballouk, escritor, autor de “Enquanto o tambor não chama” e Miriam Alves, escritora, autora de Brasilafro, entre outros
Facilitadora: Raquel Almeida, escritora, articuladora do sarau Elo da Corrente
26/09 (quinta-feira) às 19:00
O caminho editorial negro – Guellwaar Adún, escritor, coordenador editorial da Ogum’s Toques Negros; Marciano Ventura, coordenador editorial da Ciclo Contínuo e Michel Yakini, escritor, articulador do sarau Elo da Corrente.
Facilitadora: Cidinha da Silva, escritora, responsável pela Representação da FCP em São Paulo.
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