25 Autores negros do teatro brasileiro
25 AUTORES NEGROS DO TEATRO BRASILEIRO
A compilação de autores numa lista constitui uma missão sempre fadada ao fracasso, pois corre o risco de esquecer ou não contemplar as múltiplas narrativas. Mais que uma lista, a Alzira revista pretende apresentar significativas vozes do nosso teatro, incentivando a leitura e o amplo conhecimento de textos teatrais, sobretudo do nosso presente. Despertar o leitor e o espectador para aquilo que vem sendo produzido continuamente por nossos autores é um objetivo valioso – não abrimos mão. Por isso, a Alzira revista apresenta 25 autores negros do teatro brasileiro. Vindos de várias regiões do Brasil, os autores aqui indicados compõem um caudaloso mosaico da produção contemporânea de nossa dramaturgia. Além de apresentar brevemente os autores, indicamos textos teatrais que abordam temas ligados ao povo negro e à ancestralidade afro-brasileira. A lista inicia com um dos maiores nomes do nosso teatro de todos os tempos, o dramaturgo Abdias do Nascimento e segue com autores atuantes no cenário teatral de todo o país: Adalberto Neto, Aldri Anunciação, Allan da Rosa, Amarildo Felix, Ana Maria Gonçalves, Cidinha da Silva, Cuti, Cristiane Sobral, Dione Carlos, Fernanda Júlia Onisajé, Gabriel Cândido, Grace Passô, Jé Oliveira, Jhonny Salaberg, Jô Bilac, José Fernando Peixoto de Azevedo, Leda Maria Martins, Luh Maza, Marcio Abreu, Maria Shu, Rodrigo França, Rudinei Borges dos Santos, Sol Miranda e Viviane Juguero. Para organizar esta lista a Alzira revista consultou o livro Dramaturgia Negra, lançado em 2018 pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), com curadoria de Eugênio Lima e Julio Ludemir, e o portal Melanina Digital, importante página na web de conteúdo sobre as dramaturgias assinadas por criadores negros contemporâneos de todo o Brasil.
Abdias do Nascimento é um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira de todos os tempos. Foi ator, poeta, professor universitário, político e ativista dos direitos civis e humanos. É autor da peça Sortilégio II: Mistério Negro de Zumbi Redivivo.
Adalberto Neto é jornalista e dramaturgo. Foi vencedor da 32ª edição do Prêmio Shell de Teatro (RJ). É autor da peça Oboró – masculinidades negras.
Aldri Anunciação é ator e dramaturgo soteropolitano. Sua peça Namíbia, não!, adaptada do texto com o qual venceu o Prêmio Jabuti de Literatura, foi vista por mais de meio milhão de espectadores. É autor da peça Antimemórias de uma travessia interrompida.
Allan da Rosa graduou-se em História pela Universidade de São Paulo (USP), onde em seguida cursou o mestrado em Educação. Integrou grupos de dança, teatro e capoeira, como o Teatro Popular Solano Trindade, o Grupo Cupuaçu – Danças e Tradições Afromaranhenses, o Grupo de Dança Afrocontemporânea Aluvayê e o Núcleo de Consciência Negra da ECA-USP. É autor do livro Reza de Mãe e da peça Da Cabula.
Amarildo Felix é poeta, ator, dramaturgo e psicólogo nascido em Aracaju [SE]. Formado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo [PUC/SP] e atuação na Escola de Arte Dramática [EAD – USP]. Integrou o Núcleo de Dramaturgia Sesi/British Council. Sua peça Estufa foi encenada na Universidade de Yale, nos Estados Unidos. É autor da peça O desmonte.
Ana Maria Gonçalves é romancista e dramaturga. Seu segundo romance, Um defeito de cor, conquistou o Prêmio Casa de las Américas. A obra, inspirada na vida de Luísa Mahin, conta a trajetória de uma menina nascida no Reino de Daomé e capturada aos 8 anos de idade, até a sua volta à terra natal como mulher livre. É autora da peça Chão de pequenos.
Cidinha da Silva nasceu em Belo Horizonte, em 1967. É escritora. Publicou 17 livros distribuídos pelos gêneros crônica, conto, ensaio, dramaturgia e infantil/juvenil. Um Exu em Nova York recebeu o Prêmio da Biblioteca Nacional (contos, 2019) e Explosão Feminista (ensaio), do qual é co-autora, foi finalista do Jabuti (2019), e recebeu o Prêmio Rio Literatura 4ª edição (2019). Tem publicações em alemão, catalão, espanhol, francês, inglês e italiano. É autora da peça Sangoma: saúde às mulheres negras.
Cuti – Luiz Silva, conhecido pelo pseudônimo de Cuti, é escritor, poeta e dramaturgo. Graduado em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) em 1980, obteve os títulos de mestre em Teoria da Literatura e doutor em Literatura Brasileira pela Unicamp. É autor da peça Transegun.
Cristiane Sobral é atriz e escritora carioca. Primeira negra a se formar em interpretação teatral pela Universidade de Brasília, dirigiu por 18 anos a Companhia de Arte Negra Cabeça Feita. Professora de teatro, já ministrou cursos no Brasil, Colômbia, Equador, Guiné-Bissau e Angola. É autora da peça Esperando Zumbi.
Dione Carlos é escritora e atriz formada pela Escola Globe de São Paulo. Atuou na Companhia Teatro Promíscuo, de Renato Borghi e Élcio Nogueira. Estreou em 2011 com o espetáculo Sete. Escreveu sete peças, encenadas em várias cidades do Brasil. Três dessas obras foram reunidas no livro Dramaturgias do front. É autora da peça Ialodês.
Fernanda Júlia Onisajé é baiana e encenadora-fundadora do Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas (NATA). Mestre e doutoranda em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas (PPGAC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Onisajé é dramaturga e pesquisadora das religiões de matrizes afro-brasileiras com foco no candomblé de ketu. É autora da peça Rosas Negras.
Gabriel Cândido é dramaturgo, ator, diretor e produtor. Com atuação nos campos teatral e cinematográfico, já assinou vários textos dramatúrgicos. É autor da peça Fala das profundezas.
Grace Passô é diretora, dramaturga, atriz e cofundadora do grupo Espanca!. Publicou seis peças teatrais e já teve textos traduzidos para francês, espanhol, mandarim, alemão, inglês e polonês. Foi vencedora do Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Turim (ITA), entre outros. É autora da peça Vaga Carne.
Jê Oliveira é ator, diretor e dramaturgo formado pela Escola Livre de Teatro de Santo André, onde leciona atualmente. Professor de teatro em cidades de todo o Brasil, com o projeto Sesc Dramaturgia. Dirigiu o show 3 Mil Tons, de Salloma Salomão, entre outros. Já recebeu os prêmios Shell e Coca-Cola e o troféu da Cooperativa Paulista de Teatro. É autor da peça Farinha com açúcar ou sobre a sustança de meninos e homens.
Jhonny Salaberg é ator, dramaturgo e bailarino, nasceu em Guaianases, zona leste de São Paulo. Fundador da Carcaça de Poéticas Negras, foi o primeiro negro a receber o Prêmio da Mostra de Dramaturgia do Centro Cultural São Paulo, em sua quarta edição. É autor da peça Buraquinhos ou o vento é inimigo do picumã.
Jô Bilac é dramaturgo. Aos 19 anos, escreveu Sangue em Caixa de Areia, texto pelo qual recebeu do Teatro Carlos Gomes menção honrosa em Dramaturgia. Desde então, o autor carioca já criou mais de vinte roteiros teatrais. É autor da peça Rebu.
José Fernando Peixoto de Azevedo é doutor em filosofia e professor de arte dramática na Universidade de São Paulo. Fundador do Teatro de Narradores, publicou o volume Eu, um Crioulo, da coleção Pandemia. É autor da peça Cartas a Madame Satã ou me desespero sem notícias suas.
Leda Maria Martins é poetisa, ensaísta, acadêmica e dramaturga carioca. Atualmente mora em Belo Horizonte, onde é professora, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Também lecionou na New York University (EUA) e publicou diversos livros e artigos em periódicos brasileiros e estrangeiros, além da obra de poesia Os Dias Anônimos, entre outras. É autora da peça Récita nº 3 – figurações.
Luh Maza é dramaturga, diretora e atriz carioca, radicada em São Paulo. Autora de espetáculos encenados no Brasil e em Portugal, teve textos publicados na Europa e na África. Assinou a versão brasileira de Kiwi, peça do canadense Daniel Danis. Escreveu roteiro para a série de TV por assinaturaSessão de Terapia – dirigida por Selton Mello. É autora da peça Carne viva.
Marcio Abreu é ator, diretor e dramaturgo, natural do Rio de Janeiro sua formação tem passagens pela EITALC (Escola Internacional de Teatro da América Latina e Caribe e pela ISTA, (Escola Internacional de Antropologia Teatral). Nos anos 1990, em Curitiba, fundou o Grupo Resistência de Teatro, com o qual trabalhou por 6 anos. Diretor da companhia brasileira de teatro em 1999, sediada em Curitiba, desenvolve pesquisas e processos criativos em intercâmbio com artistas de várias partes do país e também de outros países. É autor da peça Preto.
Maria Shu é dramaturga e roteirista. Estudou roteiro na Academia Internacional de Cinema. Seus textos já foram encenados em Cabo Verde, Suécia, Portugal e França. Sua peça Ar Rarefeito recebeu o Prêmio Heleny Guariba, da Cooperativa Paulista de Teatro. É autora da peça Quando eu morrer, vou contar tudo a Deus.
Rodrigo França é ator, diretor e dramaturgo. Formado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Atua na área de educação artística. Produziu ainda o musical O Grande Circo dos Sonhos. É autor da peça O pequeno príncipe preto.
Rudinei Borges dos Santos é poeta e dramaturgo amazônida, nascido em Itaituba (PA). Autor de mais de dez textos teatrais encenados em Angola e no Brasil, foi contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz e finalista do Prêmio Shell de Teatro pela autoria da peça Dezuó: breviário das águas. Doutorando e mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Publicou os livros Epístola.40: carta (des)armada aos atiradores, Memorial dos meninos, Dentro é lugar longe e Chão de terra batida. É autor da peça Medea Mina Jeje.
Sol Miranda é atriz, pesquisadora e produtora, cofundadora do Grupo Emú – Rio de Janeiro (RJ). Trabalhou como assistente do dramaturgo Domingos Oliveira (1937 – 2019). Circulou em diversas cidades do Brasil e da China com o espetáculo Salina, a Última Vértebra, do grupo Amok Teatro. Apresentou um espetáculo de dança afro no Festival Floriade, na Holanda, em 2012. É autora da peça Mercedes.
Viviane Juguero é dramaturga, atriz, professora e doutora pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde trabalhou com o conceito de “dramaturgia radical” – pesquisa associada a seu estágio internacional na University of Wisconsin-Madison (EUA). É autora da peça Cavalo de Santo.
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