Trecho 3 de "Engravidei, pari cavalos e aprendi a voar sem asas", de Cidinha da Silva



As seis personagens de "Engravidei, pari cavalos e aprendi a voar sem asas", foram compostas como arquétipos a partir de 55 entrevistas realizadas com diferentes mulheres negras na cidade de São Paulo.

Você pode acessar o livro que contém essa peça e outras de Cidinha da Silva, por este link https://pag.ae/7VZvLw9pp


[Trecho 3]

“Com 32 anos, ela tinha oito filhos consigo, mas pariu treze, cinco morreram. Dois ela perdeu para a fome, um morreu doente, parecia até que tinha herdado a amargura dela. Os gêmeos, ela perdeu de tanta pancada, quando ainda estavam no ventre. Quando os primeiros vieram, ela pensava na falta de futuro deles, como seria alimentar mais uma boca, como faria para protegê-los das pancadas do marido, e seu coração se desfazia em água. Parece que com a chegada dos mais novos a água empedrou de vez, deixando-a com aqueles olhos vidrados”.

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