O homem azul do deserto




(...) “Quer saber como conheci um Tuareg se nunca estive pelo Norte da África, não é? Foi numa das Áfricas brasileiras. Viajávamos de Salvador para a Boa Morte, em Cachoeira, e nos cruzamos na rodoviária. Do deserto para o Paraguaçu, brinquei.

Uma amiga comum nos apresentou. A princípio rolou uma tensão. Eu e minha velha mania de tentar identificar de onde as pessoas são pelo sotaque. O dele tinha uma coisa rascante em algumas sílabas que lembrou Bernd, amigo alemão. Vixe! O homem virou bicho. Alemão, eu? Não deixei por menos. E os alemães negros? Não sabia da existência deles? Antes que começássemos a brigar, a Silvane jogou água e disse que ele era Tuareg. Rapaz, foi uma emoção enorme e de imediato me lembrei de você.

Por fim, perguntei de que país ele era e veio a resposta que só poderia vir de um africano de pensamento descolonizado. Eu sou Tuareg! Meu passaporte é do Máli”.

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