Perspectiva LGBT+ na obra de Cidinha da Silva (5)
“Ardis da imagem” é uma crônica bem distinta da maioria de outras que abordam amores entre iguais. É diferente porque não tem final feliz, não que alguém morra, acho que ainda não matei ninguém, embora haja muita morte no que escrevo. Pensando agora, talvez eu não mate porque nos matam tanto, a todo tempo, de todas as formas, talvez eu ache que seja preciso afirmar a morte natural, aquela que acontece em decorrência do tempo.
Agora mesmo mataram João Pedro, um menino negro carioca de 14 anos, dentro de casa. Quando a polícia o retirou de lá, ferido, e o colocou num helicóptero, todos nós já sabíamos que estávamos reivindicando que o corpo não fosse desaparecido, pois não havia esperança de encontra-lo com vida. É o genocídio institucionalizado e naturalizado que gera sentimento de impotência e dor sem solução.
O “Ardis da imagem”, inicialmente publicado no livro “Racismo no Brasil e afetos correlatos” (2013, esgotado) será republicado em breve no volume “Amores entre iguais: melhores crônicas de Cidinha da Silva”, vol.3. Na pista em agosto do ano do Covid-19.
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