Pensamento negro e anti-racismo: diferenciações e percursos no V COPENE - Congresso de Pesquisadores Negros(as) Brasileiros(as)

"O V Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as será realizado em Goiânia, de 29 de julho a 01 de agosto de 2008, pela Associação Brasileira de Pesquisadores Negros – ABPN, sob a responsabilidade da Universidade Federal de Goiás – UFG, da Universidade Católica de Goiás - UCG, da Universidade Estadual de Goiás - UEG, além de parceiros como órgãos governamentais nacionais, estaduais e municipais, entidades do movimento negro e empresas. O Congresso será um momento de divulgação e socialização dos trabalhos de pesquisadores/as negros/as, africanos/as e da diáspora nas Instituições de Ensino Superior e outros espaços de produção de conhecimento. Trata-se também de uma atividade acadêmica em parceria com várias instâncias do movimento negro, o que significa um maior comprometimento com a comunidade negra. A ABPN é uma associação de caráter nacional que tem realizado um esforço constante no sentido de efetivar um diálogo com pesquisadores/as e instituições de pesquisas internacionais, intensificando e ampliando o campo de debate sobre as relações étnico-raciais e suas proposições, bem como fortalecendo uma rede de solidariedade entre populações negras. Foram realizados os seguintes CBPN’s: O I CBPN realizou-se de 22-25/11/2000, em Recife, UFPE. Teve como tema, "O negro e a produção do conhecimento: dos 500 anos ao século XXI" e contou com 320 participantes. O II CBPN aconteceu de 25-29/11/2002, em São Carlos, UFSCar. Teve como tema, "De preto a afro-descendente: a pesquisa sobre relações étnico-raciais no Brasil" e contou com 450 participantes. O III CBPN aconteceu de 05-08/09/2004, em São Luís, UFMA. O tema foi "Pesquisa social e políticas de Ação Afirmativa para Afro-descendentes" e contou com 595 participantes. O IV CBPN teve vez em 13-16/09/2006, na cidade de Salvador, UNEB. Teve como tema "O Brasil negro e suas africanidades: produção e transmissão de conhecimentos" e contou com 1500 participantes. Nas edições anteriores dos Congressos Nacionais pôde-se constatar a participação de pesquisadores/as das mais diversas regiões do país e de estrangeiros/as. É possível observar o crescimento numérico, a diversidade e a qualidade da produção, podendo-se afirmar a importância/significado da ABPN e a necessidade da sua continuação, ampliação e fortalecimento, sendo que a realização de Congressos Nacionais é uma prerrogativa indispensável para que isso aconteça. O V Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as será de grande importância para Goiás e Goiânia no cenário nacional, visto que serão trabalhados temas voltados às relações raciais de maneira geral, bem como romper a invisibilidade da população afro-goiana que, segundo o IBGE (2000), representa 48%. Goiás concentra em seu território parte significativa dos quilombos, das congadas, dos grupos capoeira e hip-hop, além de ativistas e pesquisadores/as negros/as de expressão nacional. O tema do V CBPN "Pensamento negro e anti-racismo: diferenciações e percursos" aponta para a necessidade de contínua reflexão acerca da produção de intelectuais negros/as, em grande parte “invisíveis” na ciência brasileira e nas sociedades científicas ainda que tenhamos indivíduos de renome nacional internacional. Além disso, o pensamento negro em foco tem um horizonte transnacional e comporta variações e divergências dentro de uma unidade de construção de uma representação negra plural no Brasil e no mundo, principalmente no tocante ao combate ao racismo, fenômeno multifacetado que, por sua vez, exige uma multiplicidade de interpretações e intervenções visando sua eliminação. Nas diferenciações do pensamento negro destacamos sujeitos e temáticas: o pensamento feminista negro, a juventude, os grupos afro-LGBTT, a intelectualidade negra não acadêmica. Dentre os percursos podemos retomar desde a antiguidade das sociedades africanas como a voz e o texto de pensadores/as negros de meados do século XIX e do século XX, compreendendo os períodos escravistas nas Américas e colonial na África." (Fotos, da esquerda para a direita: Milton Santos, Carolina Maria de Jesus, James Baldwin e Audré Lord). Estarei no V COPENE durante todos os dias, engrosso as fileiras da "intelectualidade negra não-acadêmica". No dia 29/07, às 18:00 participo do lançamento coletivo de livros com o Tambor. No dia 30/07, às 9:30 tem chá de caxinde e sessão de autógrafos do Tambor, com a presença desta escriba no stand da Nandyala. Coordenarei os "Diálogos com escritores(as)" que acontecem nos dias 30 e 31/07, às 18:00. Participo das mesas "Imagens negras em arte e mídia", dia 30/07, das 14:00 às 16:00 e "Corpo afro-LGBT em movimento", dia 31/07, também das 14:00 às 16:00. No mesmo dia 31/07, às 18:00, no stand da Mazza Edições tem uma cachacinha com torresmo e bate-papo com autores(as) da casa. No dia 01/08, das 18:00 às 20:00, ao lado de Allan da Rosa (Edições Toró)apresento o Sarau.

Comentários

Anônimo disse…
Cidinha, admirável o seu trabalho e o modo como você escreve. Apaixonante ler seus textos. No entanto, gostaria de fazer uma pergunta para você: por que há necessidade de pensar o movimento feminista e LGBTT por uma perspectiva do negro, ou, mais especificamente, do afrodescendente? Vivemos em uma sociedade preconceituosa, que acredita na vida em grupos, tribos, enfim, uma sociedade de "guetos". Acrescente-se a isso o racismo, temos um caldeirão a explodir. Um feminismo afro, por exemplo, seria uma variação ou uma divergência? Essas pluralidades não especificariam demais o trabalho de cada uma das frentes, gerando, ao fim, um estranhamento desses grupos entre si?

Leonardo Pirituba

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