Tânia Macedo escreve sobre o Tridente

Demorou, mas valeu a espera. Finalmente recebi um exemplar da revista “ViAtlântica” – publicação da área de estudos comparados de literaturas de língua portuguesa, N.10/2006 -, na qual a professora Tânia Macedo, docente da USP, faz uma generosa e arguta resenha do Tridente. Aproveitando que estávamos no mês de junho, mesmo gostando de forró pé de serra, fiquei me sentindo como a letra daquele forrozinho universitário sem-vergonha, “rindo à toa”. Não é pouca coisa ser resenhada pela Tânia. O melhor de tudo é saber que o “monstro sagrado das letras” é um ser humano dos melhores. Quando a conheci, em 2006, quis dar-lhe um exemplar do Tridente e ela recusou. Disse que livro para ser valorizado, precisa ser comprado. Dali a uma hora, mais ou menos, aparece ela com um exemplar do Tridente, comprado numa livraria ao lado, para que eu autografasse. No nosso segundo encontro, acidental, em um restaurante natureba, ela prometeu a resenha. Ofereceu-a assim, graciosamente, sem que eu pedisse, acho. Ou será que pedi? Eu pediria? Acho que não. No terceiro encontro, na PUC São Paulo, em uma mesa na qual falamos para quase ninguém, ela voltou a falar da resenha, que faria e tal. Eu, na moita, só esperando. Um dia a Tânia me escreve e diz que a resenha saiu, pede meu endereço pra enviar a revista, só que a dita nunca chega. Eu escrevo, aviso que não chegou, pergunto se houve algum problema, ela diz que solicitará o reenvio e no dia 24/06/2008, a revista chegou. Quer saber o que está escrito lá? Veja uns trechos aí embaixo: “Composto de 31 textos curtos – alguns curtíssimos, quase um ‘psiu’ de crônica (para fazermos aqui uma adaptação da expressão de Guimarães Rosa) que se agrupam em três partes, o livro apresenta uma linguagem segura, domínio da técnica narrativa e aponta para uma autora que, sem dúvida, dará vôos mais ambiciosos na literatura para a qual se apresenta com credenciais de alta qualidade. Plenas de humanidade, as crônicas nos apresentam o universo de pessoas anônimas que, elegantes e dignas, enfrentam as adversidades que alcançam a maior parte da população brasileira que não está nas telas edulcoradas de nossa televisão. Assim, os textos flagram instantes/gestos como um gato que passeia sobre a mesa de jantar de um convidado atônito em ‘Xena e Maria Bonita’, ou o abraço, sob o luar, que selaria a convivência e o amor repartido no cotidiano de longos anos de duas mulheres em uma cidadezinha do interior do nordeste brasileiro no delicado ‘Domingas e a cunhada’. Com um jeito de conversa mineira, ou seja, de forma despretensiosa mas plena de intenções, as crônicas de Cidinha da Silva desenham personagens e situações do Brasil de hoje, abordando desde as conversas de uma barbearia de bairro, passando pelo restaurante onde se reúnem artistas ou ainda pelo universo GLST até a referência a produções culturais (momento em que o texto assume o caráter de crítica cultural, como por exemplo em ‘Filhas do vento’, em que o filme de Joel Zito Araújo é caracterizado como ‘uma quase epifania da estética negra reinventando o lugar da gente no cinema brasileiro’ – p.100), a partir de uma linguagem em que prevalece a elegância. (...) São momentos de reflexão que emergem ao longo de todo o livro, apesar de sua linguagem leve e solta, com um certo ar de aparente despreocupação, mas que constroem uma severa crítica social”.

Comentários

Anônimo disse…
Um forte abraço, e confesso que tenho saudades de ti,
seu aluno
Manoel Messias Pereira
manoelmessias03@pop.com.br

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