Perifeminas
Por Ruivo Lopes
Peço licença pra fazer um convite pra você!
O lançamento da antologia literária PERIFEMINAS vai acontecer nesta quarta-feira, dia 6, às 19h30, na Ação Educativa.
A iniciativa, inédita no país, é da Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop. O livro é resultado do Projeto PERIFEMINAS, realizado com apoio do VAI, que depois de oficinas sobre a história do hip-hop, a mulher e a sociedade, redação e edição de texto, diferenciação de conteúdo, linguagem, gíria, gramática, ilustrações, marketing e publicação, selecionou 60 mulheres para participar da antologia literária com textos inéditos que vão de contos a poesias e desabafos.
Quebrando o silêncio! O livro é uma contribuição das mulheres não só para o Hip Hop, mas também para a literatura. Muitas delas são conhecidas pelo que já faziam pelo Hip Hip como Mcs, Djs, Grafiteiras ou B-Girls. Outras, já eram letristas e poetisas e são conhecidas pelas participações e apresentações em saraus. Independente da particularidade de cada uma delas, todas agora encontram-se na literatura. O livro pode ser lido por qualquer pessoa interessada no que essas mulheres tão diversas que tem a síntese no Hip Hop tem a dizer sobre elas mesmas.
A escritora Cidinha da Silva, que também participa da antologia literária, disse o seguinte sobre o livro PERIFEMINAS:
PERIFEMINAS: uma história do Hip Hop narrada por mulheres! Assim eu chamaria esta obra de vozes e olhares múltiplos. Algumas autoras apresentam o currículo, listam os feitos no movimento Hip Hop e isso também é significativo, dada a pouca consideração pública à participação transformadora e estruturante das mulheres na cena. Outra...s refletem de maneira mais ampliada e filosófica sobre o movimento e sua própria trajetória. Outras, ainda, ensaiam bons textos de ficção como “Banquete de reis.”
As autoras fazem elegia a elas mesmas, são plenas de orgulho e amor para contar histórias de mulheres que estiveram na base da projeção de vários homens, escondidas, carregando o piano. Contam também histórias de mulheres que ousaram lançar CDs, sozinhas, sem qualquer tipo de apoio. Há tímidos suspiros de crítica interna à presença e ação das manas na cena.
Mulheres cristãs, rastafáris, católicas, candomblecistas e umbandistas, umas tantas sem crença religiosa, professam dois lemas fundamentais: o primeiro, “O Hip Hop salva” e o segundo, “Lugar de mulher é onde quer que ela queira estar.”
Embora possa parecer expressão messiânica, ter tido a vida salva pelo Hip Hop foi realidade para muitos manos e manas que ouviram uma frase de promoção do amor próprio, um verso de solidariedade, uma palavra de respeito ao que se é, pelas ondas do rádio, quando estavam tristes e depressivos, sem perspectiva pessoal e político-social na quebrada.
Há mais do que MCs, Bgirls e grafiteiras neste PERIFEMINAS, todas as autoras do livro “criaram-se” no Hip Hop. Foi ali que muitas passaram a entender-se e afirmar-se como negras. Outras, não-negras, constituíram uma irmandade estética, de classe e gênero, passando a praticar a solidariedade racial.
PERIFEMINAS nos conta muito de nós, do que sabemos e do que estamos por descobrir. Que a leitura nos apresente mais de nós mesmas.
Não fique de fora, pois uma nova página no Hip Hop e na Literatura estão sendo escritas neste momento pelas mãos das mulheres!
Põe na agenda e participe!
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