Doutoramento, página virada.

Uma página virada é diferente de um fósforo riscado. A página, se não for arrancada, ficará dentro do livro enquanto ele existir e poderemos voltar a ela sempre que quisermos ou for necessário, mas, seguimos o fluxo frequente da leitura, em frente. Um fósforo riscado, todo mundo sabe o nada que é. Uma das raras coisas que pedi ao meu orientador foi que a defesa, prevista para maio, não acontecesse no dia do meu aniversário, ele atendeu, mas, como uma integrante da banca não pôde no dia 12, ele precisou marcá-la para a véspera da data interditada, dia 19. O dia do aniversário, então, foi um dia de ressaca (sem qualquer gota comemorativa de álcool bebida no dia anterior) e um dia de recuperação do cansaço, depois de longa caminhada. Fui alvo de uma arguição implacável e em larga medida, equivocada, esta é minha opinião. Por outro lado, posso ter sido eu, em meu texto e metodologia trôpegos, a causadora de tal leitura. O tempo dirá. Ainda de outro lado do polígono, recebi uma leitura que caracterizou o texto da tese como “completo” (esta avaliação elencou seis itens que embasariam a anunciada completude), mesmo com algumas ausências conceituais pontuadas no trabalho. A mesma leitura sugeriu que o departamento assumisse minha tese como “um programa de formação” interno. No solo sacralizado e escorregadio das defesas de tese, preciso explicar que a suposta claudicância da metodologia e do texto, nada têm a ver com o trabalho do orientador, a pessoa mais elogiada do dia, pela forma leal como defendeu meu trabalho e destacou pontos que o sustentam e que talvez eu não tenha apresentado com a necessária solidez. A suposição relaciona-se às minhas possíveis insuficiências que podem ter induzido parte da banca ao erro da mão (outra vez, minha opinião). Tendo virado esta página, vida que segue, vem agora o que importa, escrever novas páginas de outros livros.

Comentários

Postagens mais visitadas