Peraí, meu rei! Antirracismo também tem limite.
por Cidinha da Silva (@cidinhadasilvaescritora)
Vídeos de um comediante branco que fortalecem o desvalor humano e o achincalhamento da dignidade de pessoas historicamente discriminadas, violentadas e mortas, foram suspensos pela justiça e o humorista tratado com os cuidados exigidos para um incitador de crimes.
Acenderam o sinal amarelo e outro comediante branco, mais famoso, liberal por princípio, sustentou as supostas razões de seu igual. O repertório simbólico da defesa e sua legitimação estavam alicerçados nos livros de pessoas negras que ele leu, nos super pop negros que citou e entrevistou em seus shows, nas mudanças cosméticas que vinha fazendo em suas próprias piadas nos últimos anos (influenciado pelos papos de representatividade, protagonismo e empoderamento).
A escriba que vos fala, na aula física que fazia no mesmo dia do banimento dos vídeos, comentava com a professora sobre uma aluna de curso que a escriba ministrava e que era sua vizinha. Esta, perguntara por três vezes se a escritora morava mesmo no prédio. Experiente, ela respondeu que sim e acrescentou que se cumprimentavam no elevador, seguravam a porta para outra e tudo. A vizinha retrucou: “eu sei, mas é que tantos prestadores de serviço passam pelo prédio, a gente nunca sabe”. Mas vocês, meus leitores e leitoras inteligentes sabem, não é? Aquele ex-presidente que chamava negro de afro-descendente para medi-lo em arrobas fez escola.
Uma colega que se exercitava em outro aparelho bedelhou que as pessoas precisam ter espaço para se expressar, que se elas não falarem, “o pessoal que tem lugar de fala” não terá a chance de ensinar aos que necessitam aprender e blábláblá.
Olhe, Oxóssi que me dê paciência e mira, e Thiago Amparo, o pós-Vingador, o Super Choque, que nos defenda e eduque a vocês. Eu vibro na temporalidade daquela outra divindade que amo tanto, eu corto cabeças. Não aguento mais escutar papo de aranha.
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