"QG da periferia no centro da cidade"
(Por: Ana Carolina Rodrigues, no Jornal da Tarde).
"Na Galeria do Rock, no centro, uma loja destoa da paisagem. Ela é a primeira a tratar de literatura no prédio e tem uma proposta ímpar. É lá, na 1DASUL, que o escritor Ferréz recebe gente interessada em conhecer um pouco mais sobre literatura marginal - vertente presente nos mais de 50 títulos à venda e que é representada também pelo Selo Povo, coleção cujos lançamentos são vendidos a R$ 5.
Ferréz prepara a primeira safra do selo - criado por ele em agosto de 2009 -, com oito títulos. Já conta com Cronista de Um Tempo Ruim, do próprio Ferréz. Mas virão por aí a escritora Cátia Cernov, de Rondônia, com Amazônia em Chamas, além de uma seleção de crônicas de Lima Barreto e um volume escrito por Cidinha da Silva, ainda sem nome definido.
“A ideia é mesclar autores novos e clássicos”.
Aos 34 anos e com muitas ideias na cabeça, Ferréz afirma que dá preferência
a obras ligadas à periferia.
“É muito mais difícil para os escritores dessas áreas encontrarem alguém para publicar suas histórias.” No entanto, outros quesitos têm peso. “Em primeiro lugar, a qualidade do texto. Não importa o assunto”, declara.
Para avaliar o grande número de trabalhos, Ferréz conta com a ajuda de amigos. E é também com o apoio de fornecedores que tem conseguido vender livros a R$ 5. “Sabíamos que ganharíamos pouco, mas nosso trabalho é para ver as pessoas lendo um livro. No final, ganhamos muito, formando um público leitor”,conta.
Com uma tiragem média de 2 mil exemplares por título, o Selo Povo também tem em seu catálogo DVDs a R$ 9,90. O primeiro, Literatura e Resistência, já está na 1DASUL. Trata-se de um documentário sobre a literatura marginal. Em dois meses, também deve sair 100% Favela - Parte 2.
Paralelamente ao selo, Ferréz prepara seu sexto livro, Deus Foi Almoçar, e trabalha em sua segunda obra infantil. “Vou falar de violência, drogas e álcool, estimulando as crianças a não usar nada disso.” Ele também planeja lançar um CD de hip hop.
Mas seu objetivo maior é mesmo promover a leitura. “Se de 40 pessoas que me escutarem, uma começar a ler, já salva o mundo”, diz. “Já fiz muita coisa por meio do livro. Estava na favela, com música alta ao meu redor, e ao mesmo tempo estava viajando por Paris.”
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