Salão do Livro de Suzano

Ontem participei do Salão do Livro de Suzano em dois momentos, uma roda de conversa e uma entrevista sobre minha trajetória literária. A prática da leitura prossegue como desafio, lemos muito pouco, mesmo dentre as participantes de uma feira literária, professoras, a maioria. E, como não lemos, temos limitações e dificuldades para falar de livros e de literatura. Não conseguimos virar a chave da convenção e conversar com uma mulher negra que escreve, a partir do lugar de escritora, continuamos enxergando apenas a ativista, como se a produção literária fosse um detalhe pouco significativo. E olha que se trata de uma literatura imbricada na vida cotidiana marcada pelas assimetrias raciais e de gênero, mas, mesmo assim, é um esforço amazônico manter ou trazer o foco da conversa para a produção literária. É preciso ler, minha gente! É preciso ler! Durante a entrevista, Conceição Evaristo, parceira de mesa, brilhou em noite inspiradíssima. Novamente, certas perguntas e intervenções-clichê dirigidas a escritoras negras foram feitas e respondidas da maneira possível. Algumas divergências entre mim e Conceição apareceram e foram discutidas com civilidade e elegância. Ah... como é bom conversar com uma pessoa que não grita ou manipula o microfone para impor ideias. No mais, uma papo ótimo com dois garotos ao fim do evento, quando pude discorrer mais sobre o imperativo de destruir a camisa de força que querem nos impor para abordar a literatura negra, explico: um modelo de abordagem que tenta impor o que devemos dizer como escritoras e escritores negros. Para finalizar, acertei participações nos sarau Literatura Nossa (Suzano), em maio e no aniversário do Marginaliaria, em junho. Em tempo: também em junho, visitarei o Sarau dos Mesquiteiros.

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