A história da foto
O sábado amanhecia e a primeira coisa vista no celular foi a fotografia, gentilmente enviada por Lívea Alves Ribeiro, a produtora de Nelson Sargento. Lá me vejo em algum momento entre 2010 e 2011, num bar carioca de comida boa, tirando o invólucro de um CD, para que Seu Nelson autografasse.
Note também, cara leitora, caro leitor, que enquanto Seu Nelson aguarda, talvez se indagando como uma pessoa pode ser tão desajeitada para tirar a embalagem plástica de uma capa de CD, descansam sobre a mesa dois livros de minha lavra que ofereci a ele: Colonos e quilombolas (uma produção coletiva) e o queridinho, Os nove pentes d’África.
Naquele dia estava acompanhada de Aninha, minha sobrinha mais velha, Ana Pi, a artista da dança que vocês conhecem. Aninha tinha passado uns dias em casa enquanto arrumava o próprio canto para um trabalho de três meses que faria no Rio de Janeiro. Era um tempo em que as aglomerações eram saudáveis e permitidas e nos reencontramos para papear e ouvir samba.
Anos depois, Lívea apareceu numa oficina literária que ministrava na Casa das Pretas, também no Rio. Comprou todos os livros que eu tinha ali, depois adquiriu outros tantos pela loja virtual e conversávamos vez ou outra. Num desses papos, Lívea mencionou a vontade de me convidar para participar de um show de Seu Nelson em São Paulo. Fiquei feliz, agradeci e disse que a gente conversaria quando fosse a hora.
Um dia Lívea me telefona e formaliza o convite, tinha show de Seu Nelson numa casa de samba em Sampa e ela queria ver como eu poderia participar. Lisonjeada, agradeci muito, mas não aceitei. Expliquei a ela que eu mesma, na condição de fã de Nelson Sargento, ficaria furiosa com a produtora se me roubasse uns minutos, mesmo mínimos, da performance de Seu Nelson, para ouvir uma escritora lendo suas histórias inventadas. Eu vou aos shows de Nelson Sargento para ouvir seus sambas e suas histórias vividas.
Viva, Nelson Sargento! O caçula de Dona Ivone Lara.
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