Chico Mendes e Neca Setubal - Óleo de Copaíba e Água Perrier
Por Cidinha da Silva
Quando boa parte dos jovens iludidos pela panaceia discursiva de Marina Silva nasceu, Chico Mendes já havia sido assassinado. Era 1988 e um tiro de escopeta calava o seringueiro, sindicalista, defensor dos trabalhadores extrativistas que junto com indígenas e ribeirinhos da Amazônia formavam os povos tradicionais da floresta.
Dessa forma, é compreensível que parcela dos jovens só o conheça travestido como integrante da elite brasileira, invenção da candidata acreana, que, para finalizar o soneto ruim, irmanou-o a Neca Setubal, herdeira do banco Itau e coordenadora do plano de governo do PSB. Para obter mais informações sobre ela, favor consultar a doutora Wikipedia ou o doutor Google.
Apresentadas as duas personalidades naquilo que é fundamental restam algumas perguntas: a primeira, o que autorizaria Marina Silva a identificar personagens tão díspares como membros da elite nacional? A segunda, o que teriam em comum um seringueiro-sindicalista e uma ricaça, dona de banco?
A terceira, o que permitiria à candidata esvaziar a combatividade de Chico Mendes e rebaixá-lo a membro da elite que elabora seu programa de governo e sustenta economicamente sua campanha à Presidência? A quarta, como ir além da ironia e elegância de Ângela Mendes, filha de Chico, que destacou a infeliz comparação?
Se Marina tivesse dito que Neca Setubal e Luciano Huck pertencem ao mesmo time de educadores, os pingos estariam irrepreensivelmente postos no is, mas se consegue vender a ideia de que Chico Mendes, Neca Setubal e Guilherme Leal (acionem o doutor Google outra vez se quiserem) jogam no mesmo time, são partes do mesmo bolo, compostos pelos mesmos ingredientes, estamos mal, porque vencerá a tese de que a solução para os problemas do país seria mesmo a união de opostos, a convivência insípida e inodora entre os desiguais mediada por messias que nos salvará da guerra.
Considerar que os que se destacam em uma luta social como aconteceu com Chico Mendes ascendem à elite brasileira que domina e explora é estragema do projeto hegemônico para eliminar os conflitos (de classe, raciais e de gênero) no Brasil como forma de manutenção de poder para a elite dominante e de subalternização continuada e inalterável dos grupos de pessoas que há séculos são marcadas pelo ferrete da exploração.
Em comum, Maria Alice Setubal e Francisco Alves Mendes Filho, a Neca e o Chico, têm a adoção de um apelido doméstico como nome social. Nada mais.
Quando boa parte dos jovens iludidos pela panaceia discursiva de Marina Silva nasceu, Chico Mendes já havia sido assassinado. Era 1988 e um tiro de escopeta calava o seringueiro, sindicalista, defensor dos trabalhadores extrativistas que junto com indígenas e ribeirinhos da Amazônia formavam os povos tradicionais da floresta.
Dessa forma, é compreensível que parcela dos jovens só o conheça travestido como integrante da elite brasileira, invenção da candidata acreana, que, para finalizar o soneto ruim, irmanou-o a Neca Setubal, herdeira do banco Itau e coordenadora do plano de governo do PSB. Para obter mais informações sobre ela, favor consultar a doutora Wikipedia ou o doutor Google.
Apresentadas as duas personalidades naquilo que é fundamental restam algumas perguntas: a primeira, o que autorizaria Marina Silva a identificar personagens tão díspares como membros da elite nacional? A segunda, o que teriam em comum um seringueiro-sindicalista e uma ricaça, dona de banco?
A terceira, o que permitiria à candidata esvaziar a combatividade de Chico Mendes e rebaixá-lo a membro da elite que elabora seu programa de governo e sustenta economicamente sua campanha à Presidência? A quarta, como ir além da ironia e elegância de Ângela Mendes, filha de Chico, que destacou a infeliz comparação?
Se Marina tivesse dito que Neca Setubal e Luciano Huck pertencem ao mesmo time de educadores, os pingos estariam irrepreensivelmente postos no is, mas se consegue vender a ideia de que Chico Mendes, Neca Setubal e Guilherme Leal (acionem o doutor Google outra vez se quiserem) jogam no mesmo time, são partes do mesmo bolo, compostos pelos mesmos ingredientes, estamos mal, porque vencerá a tese de que a solução para os problemas do país seria mesmo a união de opostos, a convivência insípida e inodora entre os desiguais mediada por messias que nos salvará da guerra.
Considerar que os que se destacam em uma luta social como aconteceu com Chico Mendes ascendem à elite brasileira que domina e explora é estragema do projeto hegemônico para eliminar os conflitos (de classe, raciais e de gênero) no Brasil como forma de manutenção de poder para a elite dominante e de subalternização continuada e inalterável dos grupos de pessoas que há séculos são marcadas pelo ferrete da exploração.
Em comum, Maria Alice Setubal e Francisco Alves Mendes Filho, a Neca e o Chico, têm a adoção de um apelido doméstico como nome social. Nada mais.
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