Se você pretende conhecer a obra de Buchi Emecheta (existem três livros publicados no Brasil, todos pela Dublinense), recomendo que observe a ordem de escritura, não de publicação para sequenciar a leitura. “No fundo do poço” é de 1972; “Cidadã de segunda classe” é de 1974 e “As alegrias da maternidade” é de 1979, este, um livro primoroso. Buchi escreveu 15 romances. Talvez por carregarem muita dor ainda em processo de decantação, os livros autobiográficos da autora não têm a técnica apurada do “Alegrias da maternidade”, quero dizer, o “Cidadã de segunda classe” é um livro que se impõe muito mais pelo enredo avassalador do que pelo trabalho de construção de linguagem e domínio narrativo.
Para mim, a leitura de toda a obra vale demais, Buchi Emecheta é uma autora vigorosa e sagaz. Tive oportunidade de conhece-la em Treviso, na Itália, em 1997, num encontro da Federação Internacional de SOS Racismo, no qual representei o Geledés – Instituto da Mulher Negra. Ela fechado que não escondia seu desagrado por estar ali (escritora convidada) e me pareceu uma mulher muito, muito triste. Fiz lá minha intervenção e percebi que ela prestou atenção, levantou a cabeça de um caderno no qual escrevia. Entendi que aquela poderia ser uma senha para conversar com ela, mas, quando tentei, não tive sorte. Ela me ignorou solenemente.
No livro SOS RAZZISMO, resultante do seminário, Buchi publicou o texto “IL razzismo è um problema dei bianchi” e começa assim: “Io vivo in Inghileterra. Anche li il razzismo vive e prospera, ma in modi diversi. Non ho intenzione di portarvi esempi giá menzionati questo pomeriggio: steriotipare la gente.”
Vem saber mais sobre essa autora instigante no curso MIRADA SOBRE O TRABALHO LITERÁRIO DE OITO ESCRITORAS NEGRAS, AFRICANAS E BRASILEIRAS. Link para matrícula:
https://docs.google.com/forms/d/1nobUSFyQ_hoHb5mUyJVifpvMGPHoS9myZzjr2Q95OJw/edit?ts=65156f3f
Comentários