White power

O Rique Aleixo publicou um poema do poeta francês Antonin Artaud no Jaguadarte, como preâmbulo aos próprios comentários críticos sobre as incursões racistas do Papa Bento XVI em África, principalmente em Angola. (Por Rique Aleixo)(...) Neste momento em que o Vaticano dá, mundo afora, novas e alarmantes demonstrações de sua inabalável força destrutiva. Ou vocês ainda não sabem que Bento 16 teve a pachorra de, durante missa para 1 milhão de pessoas em Angola (“Folha de S. Paulo” de ontem, 23/03), investir contra o que ele chamou de “etnocentrismo e particularismo excessivos” dos africanos? De acordo com o papa, o “tribalismo” seria, junto com “a guerra e as rivalidades entre diferentes etnias", o responsável "pela pobreza e pela injustiça social na África". Durma-se com um barulho desses: o Vaticano, há séculos, impõe seus dogmas em todos os quadrantes do mundo, faz tabula rasa da razão e dos princípios básicos do humanismo, apóia ditaduras sanguinárias, silencia diante de tragédias como a devastação do meio ambiente, retoma a prática da excomunhão, condena a camisinha como forma de combate à proliferação da Aids (Bento 16 bateu de novo nessa tecla anteontem, em Luanda) e os africanos é que são ”etnocêntricos”? Eu, que fui comedor de hóstia na infância, e que serei eternamente grato por ter encontrado, no início dos anos 80, na ala da igreja denominada Teologia da Libertação, a dimensão dialógica a partir da qual pude dar forma e substância ao meu projeto pessoal de participação política – naquele tempo histórico específico –, só posso, diante de um criminoso como o poderoso chefão dos católicos, transformar em refrão um fragmento da carta de Antonin Artaud: “Papa, Cachorro”.

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