Investigação sobre racismo no clipe Kong de Alexandre Pires é arquivada por ausência referências racistas



O Ministério Público Federal (MPF) em Uberlândia arquivou o procedimento administrativo que apurava uma suposta ocorrência de discriminação racial no clipe da música "Kong", do cantor Alexandre Pires. Ainda segundo o MPF, a decisão se baseou no entendimento de que a presença dos gorilas estaria relacionada a aspectos da sexualidade e não a referências racistas.

O MPF informou, também, que não requisitou a instauração de inquérito policial por não ter vislumbrado crime a ser apurado, uma vez que não há na conduta de Alexandre Pires a prática, indução ou incitação de discriminação ou preconceito de raça ou cor, seja através da letra ou do vídeo da música Kong.

No dia 26 de abril a ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), órgão da Presidência da República denunciou que "o vídeo utiliza clichês e estereótipos contra a população negra" e que "reforça estereótipos equivocados das mulheres como símbolo sexual". Após a denúncia, o cantor Alexandre Pires esteve em Uberlândia no dia 3 de maio para prestar depoimento ao Ministério Público. Na ocasião, o cantor disse que o conteúdo era desprovido de menções racistas ou sexistas.

Segundo o procurador da República Frederico Pellucci, que investigou o caso, a utilização da figura do macaco como expressão preconceituosa em relação à população negra não foi intencional. Ainda de acordo com Pelluci, embora historicamente a relação homem-macaco seja utilizada para desumanizar o negro, não se pode concluir que qualquer trabalho de expressão que invoque a figura do macaco (gorila) tenha, desde sempre, esse objetivo.

A letra da música do cantor Alexandre Pires bem como as cenas do videoclipe foram analisadas por Frederico Pellucci, que entendeu que “não se pode dizer que a letra da música ou o videoclipe tiveram a intenção de atacar quem quer que seja, mas sim apresentar-se de maneira descontraída e bem-humorada, não cabendo entrar na discussão quanto ao bom ou mau gosto na escolha das respectivas expressões e cenas”, disse.

O procurador também descartou a atuação quanto ao conteúdo sexista do videoclipe de Alexandre Pires. Para ele, “a presença de mulheres de biquíni no vídeo e letras de música sugestivas de movimentos sexuais povoam diuturnamente a mídia brasileira, não se podendo dizer que o fenômeno Kong desborde da rotina a qual nos submetem os meios de comunicação nesse particular”.

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