Eleições 2018: não nos dispersemos!

Por Cidinha da Silva





Eu tinha 16 anos quando fui ao último comício pelas Diretas Já na Praça da Rodoviária, em Belo Horizonte. Saí de lá desanimada porque o discurso de Tancredo Neves já antecipava nas entrelinhas que não teríamos eleições diretas, a disputa seria no Colégio Eleitoral. Mas, antes do desânimo, Ulysses Guimarães ou Tancredo, um dos dois disse uma frase que me marcaria para sempre, “não nos dispersemos”.

Em política, como na guerra, não podemos nos dispersar, não podemos perder o foco. O foco da guerra que travamos em 2018 é em primeiríssima instância, tarefa do primeiro pelotão, a derrota do inominável e seu projeto de destruição da vida, de destruição da humanidade como possibilidade de convivência entre os seres.

Em segundo lugar, mas de maneira concomitante, cabe-nos eleger para a Câmara Federal e para o Senado, pessoas que possam sustentar o projeto político defendido por nós e que possam se opor à barbárie que não se contenta em matar Marielles Franco, precisa aviltar sua memória. Ainda, cabe-nos eleger as governadoras e governadores de Estado que acreditamos.

Para dar conta da primeira tarefa, ou seja, derrotar o candidato que não estupra certas mulheres porque as acha “muito feias”, que vota contra a PEC das Domésticas, que prega que as mulheres devem ganhar menos que os homens, que é contra um fundo para erradicação da pobreza (mas é a favor do extermínio dos pobres, principalmente negros e indígenas, e LGBTs), que é aliado das forças reacionárias que querem nos tirar todos os direitos conquistados com muito sangue e luta, não podemos nos dispersar.

O foco é derrotá-lo o mais rapidamente possível. Derrotá-lo ainda no Primeiro Turno – há pesquisas para todos os gostos e há aquelas que apresentam essa possibilidade. E, se ele passar para o Segundo Turno, que seja de maneira enfraquecida, porque as pessoas que estão iludidas, aquelas que pretendem votar nele movidas pelas ondas midiáticas, precisam ser levadas à compreensão de que ninguém pode pedir, desejar e votar num projeto de ditadura. Para tanto, é preciso tirar votos dele. Pode-se votar em qualquer um no Primeiro Turno, menos nele. Essa é a meta. Esse é o foco. Essa é a missão.

Nesse momento em que o Segundo Turno (se houver) já está desenhado e que, infelizmente, candidatos ditos progressistas não abrirão mão da candidatura em prol do progressista que está na frente em todas as pesquisas (aquelas para todos os gostos), resta-nos combater, voto a voto, o avatar da maldade.

Assim, se nos apetece  virar analistas políticos do dia para noite, gente capaz de definir quem está certo e quem está errado, os culpados pelo que está acontecendo e pelo que virá a acontecer, se nos toca também ameaçar aqueles do nosso campo que não votarão no nosso candidato... ok, ok, ok (ok do Gil, não do outro), façamos isso tudo, se desse modo nos sentimos mais potentes e importantes, mas, não nos esqueçamos, o foco é derrotar o candidato que prega a matança, o estupro e a tortura de seus opositores e daqueles que ele considera o lixo social.

Para derrotá-lo é preciso conversar com as pessoas nas ruas, fora da bolha, todas as pessoas. É necessário explicar sobre os mal feitos desse candidato, apresentar sua bio (necro)grafia, sobre seu projeto de extermínio da humanidade. É preciso contar às pessoas o que é a tortura defendida por ele, tem muita gente que não sabe. É preciso demover toda e qualquer pessoa de votar nele. Esse é o foco, a missão, não nos dispersemos!


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