Um Exu em Nova York, trajetória de sete meses de vida e a primeira reimpressão

Por Cidinha da Silva

Em setembro de 2018, recebia, com muita alegria, caixas com sete centenas de exemplares do meu primeiro livro de contos, Um Exu em Nova York, publicado pela Pallas. Tudo era motivo de alegria:  capa, diagramação, as companhias nas orelhas e prefácio. Um esmero.  

E o livro bonito e pequeno, sonhador de voos altos, ganhou o mundo. De outubro daquele ano a abril de 2019, passou por muitas cidades, nem sempre imaginadas e previstas: Canoinhas, Mafra, Jaraguá do Sul e Joinville, em Santa Catarina, no período eleitoral, no qual os bolsonaristas arrepiavam e espraiavam ódio e medo pelas ruas. Maringá, um pouco mais à frente no calendário. São Paulo, suas periferias, livrarias, bibliotecas comunitárias, universidades  e quilombos centrais, como o Aparelha Luzia. Cidades do interior como Bauru, Campinas, Cajati, Eldorado e Registro. O Rio de Janeiro, Brasília, Palmas e Goiânia.  Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Contagem, Nova York, Berkeley e São Francisco.

Face aos ditames do mercado editorial brasileiro esse é um feito a comemorar, principalmente nesse período em que as editoras só querem investir em livros comerciais, de apelo rápido e seguro para vendas. Eu, especialmente, comemoro a trajetória deste Exu, um livro de literatura.  Não contar com espaços da grande mídia, não ser (ou investir para ser) celebridade, tampouco celebridade literária, é mais trabalhoso, torna o caminho mais lento, mas a gente chega, com muita dignidade e alegria.

Sigo no trabalho diário de artista, de formiga (escavo túneis, crio canais de comunicação e alimento o formigueiro); de abelha, procuro flores, produzo néctar e mel e os ofereço a esse mundo hostil, rumo ao lugar que projetei para mim.

Esse é um textinho de comemoração e de agradecimento a todas as pessoas e instituições que me apoiaram na semeadura da palavra. Alegria aqui é mato e flor de laranjeira.

Bora andar, Exu. Bora colocar pra jogo os 2.000 exemplares da primeira reimpressão e sebo nas canelas rumo à segunda, em tempo curto, também.

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