Baú de Miudezas, Sol e Chuva: o lirismo em pequenas doses.
Release
A prosadora,
como gosta de se definir, Cidinha da Silva apresenta ao público mais um fruto de
sua profícua carreira de escritora, iniciada em 2006. Desde então, são oito
livros, contando com este último, que passeiam por contos, textos opinativos, crônicas,
narrativas infantis.... E são sobretudo crônicas, ou, como percebe o olhar
aguçado da prefaciadora Grace Passô, “poesia transfigurada em crônicas”, que
formam o consistente recheio de Baú de Miudezas, Sol e Chuva, lançamento
da Mazza Edições, mesma editora na qual Cidinha da Silva começou sua trilha
literária.
O interior de
Baú guarda 41 miudezas, e não por serem as crônicas, em sua maioria, pequenas em
tamanho. Miudezas em função de outra acepção que esta palavra encerra: delicadeza. Essa qualidade Cidinha da Silva emprega em
todos os textos, mesmo quando se trata de abordar temas nem sempre tão
digeríveis, como amores frustrados, relacionamentos
interrompidos ou a busca de liberdade para o amor homoafetivo. Aliás, Baú de Miudezas, Sol e Chuva escancara o
amor, com todas as letras e lágrimas e sorrisos que costumam acompanhá-lo. Não
há o que se estranhar, afinal, a autora é, declaradamente, uma amante, isto é,
alguém que ama “grande” e se incomoda com aquele tipo de amor que se manifesta “apenas
na parte interna da orelha dos livros”, como revela a crônica Memória. Sua poética
arquetípica dos Orixás impregna sentimentos e personagens, são testemunho do coração
livre e libertário de Cidinha da Silva.
Como todo
bom/boa cronista, Cidinha da Silva se alimenta, principalmente, do cotidiano, e
mais ainda, dos pequenos fatos do cotidiano, a cuja narração empresta leveza,
humor e subversão. Baú de Miudezas, Sol e
Chuva é daquelas arcas que dão prazer abrir e contemplar os simples e
pequenos tesouros que guarda. Mas, que o leitor não se engane, a literatura de
Cidinha é “suave como o pássaro que controla o próprio voo”, é prosa poética
refinada, corta e perfura tal qual lâmina de adaga.
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