Palavra real



Por Cidinha da Silva

Nas manhãs de véspera ao dia de saudar o Rei, a cidade se torna um quiabal. Por todos os cantos e ruas, vendedores moços e velhos oferecem quiabos frescos, graúdos e belos já ensacados. Ai de quem disser com os olhos que gostaria de escolher os quiabos. O vendedor responderá, também com o olhar, que os quiabos já são selecionados, afinal, destinam-se à mesa do Rei.  

Quando, desconfiada, a compradora chegar à casa com o pacote fechado e só de pirraça quebrar as pontas do que se transformará na comida real, verificará que todos estão bons.

Vencida, compreenderá que aqueles vendedores de quiabo são filhos do Rei postados nas esquinas do mundo, devotados a honrar o nome do Pai pela palavra. 

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